20 de abril de 2025

A Páscoa e o seu real sentido

Uma grande festa cristã

Páscoa (do hebraico Pessach) significa passagem. É uma grande festa cristã para nós, é a maior e a mais importante festa. Reunimo-nos como povo de Deus para celebrarmos a Ressurreição de Jesus Cristo, Sua vitória sobre a morte e Sua passagem transformadora em nossa vida.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

O Tempo Pascal compreende cinquenta dias a partir do domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes, vividos e celebrados com grande júbilo, como se fosse um só e único dia festivo, como um grande domingo. A Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e de toda a vida da Igreja. Celebrá-la é celebrar a obra da redenção humana e da glorificação de Deus que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte; e, ressuscitando, renovou a nossa vida.

A bela intenção que foi se perdendo

Foi com a intenção de celebrar a Páscoa de Cristo que, desde os primórdios do Cristianismo, os cristãos foram organizando esta bela festa. Mas, a partir de muitas propagandas midiáticas e de muitos outros costumes da nossa sociedade, vemos, sem dúvidas, que essa bela intenção foi se perdendo. Para muitos, a Páscoa virou sinônimo de um "feriadão" ao lado de muitos outros feriadões, com o único objetivo de quebrar a monotonia da vida; com intenções e modos que não expressam os reais valores e sentidos da grande festa que é a Páscoa.


Em muitas casas, a Páscoa é vivida de forma paganizada e estragada pelas bebidas e orgias deste mundo, sem um mínimo de senso religioso ou moral; ou como um mero folclore, um mero tempo para viajar, comer chocolates e descansar de suas fadigas. Assim, um tempo que nasceu para construir laços familiares e renovar a nossa sociedade com valores perenes, acaba não atingindo o seu objetivo.

Necessitamos compreender o real sentido da Páscoa

As confraternizações, os alimentos específicos e muitos outros costumes são importantes e nos ajudam a celebrar a Páscoa, mas não podem nos desviar do seu principal e essencial sentido. Hoje, temos uma geração que não entende nada do verdadeiro sentido da Páscoa, mas devemos celebrá-la bem nós que não nos fechamos às suas origens e sabemos que ela é mais do que um "feriadão"; é uma "grande semana" na qual vivenciamos os mistérios da vida de Cristo e os mistérios da nossa própria vida.

Todos nós cristãos devemos, hoje, nos comprometer em nos mantermos fiéis às nossas origens e celebrarmos o sentido original, belo e profundo da nossa maravilhosa festa, que é a celebração da Ressurreição do Senhor. Que nossas boas obras e nossas vozes, em cada canto das nossas cidades, possam levar a alegria do Ressuscitado; sobretudo aos pobres, doentes, distanciados e a todas as pessoas, pois são amadas pelo Pai.

Irradiemos ao nosso redor a esperança e a certeza da presença de Cristo Ressuscitado. Que se encha nosso olhar de luz, como os das mulheres que viram o sepulcro vazio e o Filho de Deus ressuscitado (Mt 28). Que possamos também nós, numa só fé, exclamar como elas: O Senhor Ressuscitou! Aleluia!".

Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-sentido-real-da-pascoa/

17 de abril de 2025

Como viver a Semana Santa fazendo uma verdadeira parada para reflexão

Parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade

Iniciamos, no Domingo de Ramos, mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a cena da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, interiorização e abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e a segurança no caminho natural da história de vida com mais objetividade e firmeza.

Lembramos, na Semana Santa, que as dificuldades não são para nos fazer desistir

As dificuldades encontradas não são fracasso nem caminho sem saída; elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo, no trajeto da Paixão, culminando com Sua morte na cruz. Em todo o caminho, Ele passou por diversos atos de humilhação.

A estrada da cruz foi uma perfeita revelação da identidade de Jesus. Ele teve de enfrentar os atos de infidelidade e rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.

Créditos: Foto gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT


Associar ao sofrimento de Cristo

Na Semana Santa, devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nosso tempo. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente etc.

Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte que a vingança.

Devemos aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.

Dom Paulo M. Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/reflexao-e-espiritualidade-na-semana-santa/

16 de abril de 2025

Como viver bem a Semana Santa

A semana maior da Igreja 

Por meio da Sagrada Liturgia1, cada batizado é convidado a viver configurando-se à vida de Jesus Cristo. Para tanto, a Igreja ajuda-nos a percorrer esse caminho de assimilação da existência cristã propondo-nos a dinâmica do Ano Litúrgico2, cujo ápice é o Tríduo Pascal, que celebra os mistérios centrais de nossa fé: o Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado.

Créditos cancaonova.com

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

A Igreja "recorda a entrada do Cristo Senhor em Jerusalém para consumar seu mistério pascal"3. Na procissão de ramos, experimentamos nossa condição de peregrinos, caminhantes para a eternidade. Participar dessa procissão nos predispõe a caminhar juntos, manifestando nossa alegria em sermos discípulos de Jesus. Na segunda parte da celebração – a Missa –, faz-se memória da Paixão de Cristo, de Seu ato de amor, Sua entrega para nossa salvação.

Quinta-feira da Ceia do Senhor

Comumente chamada de Missa do Lava-pés por ser um dos elementos dessa celebração – ainda que não seja o mais importante. Neste dia, a Igreja celebra "a instituição da Sagrada Eucaristia e da ordem sacerdotal, bem como o mandato do Senhor sobre a caridade fraterna"4 . É dia de agradecermos pelo dom da Eucaristia – presença real do Senhor que nos alimenta nas estradas da vida; pelo sacerdócio ministerial – recordando-nos de todos aqueles a quem o Senhor chamou para uma vocação específica de entrega e serviço; e de nos empenharmos à caridade concreta em favor dos mais fragilizados.


Sexta-feira da Paixão do Senhor

Neste dia, a Igreja celebra a Paixão e Morte de Cristo. A celebração é marcada pelo despojamento e silêncio. Após as leituras da Palavra de Deus, procede-se com a Adoração da Cruz – em que reconhecemos o infinito amor do Senhor pela humanidade, seguida da distribuição da sagrada Comunhão. A Igreja, esposa de Cristo, une-se ao seu Senhor, medita Suas dores, chora Sua morte. Este é um dia de jejum, de abstinência, de cultivar o silêncio e de refletir sobre nossa resposta de amor a Deus.

1 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, n. 2.
2 Cf. Sacrosanctum Concilium, n. 102.
3 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 216.
4 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 246.

Sábado Santo

Durante este dia, "a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na Sua Paixão e Morte, bem como a Sua descida à mansão dos mortos (1Pd 3,19), e esperando a Sua Ressurreição, em oração e jejum"5.

Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

A celebração do Domingo de Páscoa começa na noite de Sábado com a "Vigília Pascal na noite santa". É antiquíssima a tradição dessa vigília, que remonta aos primeiros séculos, aguardando o dia da gloriosa Ressurreição do Senhor. Essa celebração é realizada em quatro partes: a primeira, com o lucernário e a proclamação da Páscoa. Na segunda parte, iluminada pela Páscoa de seu Senhor, "a santa Igreja medita as maravilhas que o Senhor Deus realizou desde o início para seu povo que confia em sua palavra e sua promessa"; na terceira, a Igreja celebra ou recorda a vida nova no Batismo. Por fim, na quarta parte da celebração, os cristãos são convidados "à mesa que o Senhor preparou para o seu povo: o memorial de sua morte e ressurreição, até que Ele venha"6. É dia de rejubilarmos pelas maravilhas que o Senhor realizou para nos salvar, pelo Batismo que recebemos e pelo convite que nos faz, ao banquete eucarístico.

Com a celebração do dia da Páscoa, a Igreja, resplandecente de alegria, proclama: Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos.

Conclusão

A Semana Santa é um convite profundo à vivência dos mistérios centrais da nossa fé. Ao longo desses dias, a Igreja nos oferece, por meio da Sagrada Liturgia, um caminho para refletir sobre o amor incondicional de Deus e nos desafia a viver de maneira mais plena o nosso compromisso com Ele e com o próximo. Que, ao participar desses momentos de graça, renovemos nossa fé, fortalecendo nossa esperança e vivendo de forma concreta o mandamento do amor-comunhão. Abençoada Semana Santa!

Pe. Técio Andrade Lima 
Presbítero do Clero da Arquidiocese de Vitória da Conquista, doutorando em Sacra Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico do Pontifício Ateneu Santo Anselmo em Roma.

5 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 272.
6 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 274.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/como-viver-bem-semana-santa-2/

15 de abril de 2025

Semana Santa, a semana das semanas

A semana maior

Se você é católico, com certeza conhece a expressão "Semana Santa". Mas você sabia que ela também é chamada de "A Semana Maior"? Ela é maior não somente porque, ao invés de ter sete dias, contém oito – sendo dois domingos, mas, sobretudo, porque ela celebra o coração do mistério de nossa salvação.

Ela é uma semana de grande importância para toda a humanidade, o centro da história e, ao mesmo tempo, o seu fim, já que ela aponta e conduz ao fim da nossa caminhada na Terra, a nós que desejamos a vida eterna.

Essa salvação se realiza na Páscoa de Cristo, que, passando pelo sofrimento e pela morte, entra na vida nova da Ressurreição. Em Jesus, o Filho de Deus, a humanidade tem acesso à Páscoa eterna. Nesse sentido, São Paulo nos diz que "nós somos cidadãos dos céus. É de lá que, ansiosamente, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura" (Fl 3,20-21).

Todos os anos, a Igreja nos oferece esse tempo forte e de muitas graças, considerado o ápice do ano litúrgico, que começa no Domingo de Ramos e segue até o Domingo de Páscoa.

A liturgia nos convida então a acompanhar Jesus passo a passo, desde a Sua chegada em Jerusalém até o Seu encontro, ressuscitado, com os discípulos, passando pela colina do Gólgota onde foi crucificado. Toda essa trajetória alimenta nossa fé e nos ajuda a compreender e a experimentar o grande amor de Deus por nós.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

A Semana Santa contém vários eventos de grande importância para nós:

– O Domingo de Ramos, com a entrada triunfal de Jesus na cidade santa de Jerusalém.

– O Tríduo Pascal (três dias):

  • Quinta-feira Santa: Jesus lava os pés dos apóstolos e institui a Eucaristia e o sacerdócio.
  • Sexta-feira Santa: Jesus sofre e entrega Sua vida por amor a nós.
  • Sábado Santo: O corpo do Senhor está no túmulo. Dia de silêncio. Nenhuma celebração é feita durante o dia.

– A grande Vigília Pascal: acontece no sábado à noite para celebrar a Ressurreição de Jesus. Em seguida, no domingo, continuamos a celebrar, com grande júbilo, a presença viva de nosso Senhor.

O Catecismo da Igreja diz: "A Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a «festa das festas»,  a «solenidade das solenidades», tal como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). […] O mistério da ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra no nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido" (§1169).


Um convite para você!

Participar das celebrações litúrgicas propostas pela Igreja é de grande importância para que possamos reviver esses eventos como se estivéssemos ao lado de Jesus em Jerusalém. Elas despertam em nós sentimentos de compaixão, de contrição e de reparação, além de nos dar forças para carregarmos a nossa cruz, ajudar-nos a viver na esperança e entrar na alegria da ressurreição e da vida eterna.

Deixo então um convite: aproveitemos o quanto for possível de tudo o que é proposto nesse tempo em nossas paróquias, comunidades e movimentos. O ideal é que seja de forma presencial.

Consagre um tempo maior à oração e à meditação dos mistérios que celebramos, leia as passagens bíblicas correspondentes ou os textos litúrgicos do dia. Podemos achar que já os conhecemos, mas a Palavra sempre traz uma luz nova para nossos caminhos.

Que Deus os abençoe e lhes conceda a graça de uma abençoada Semana Santa!

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/semana-maior-significado/

14 de abril de 2025

Esta é a Grande Semana! Tempo de graça e conversão

A vida humana encontra sentido em Cristo

A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.

Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo. Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus" (Gaudium et Spes 37).

O acontecimento primordial da fé cristã é o Mistério Pascal de Jesus Cristo em sua Morte e Ressurreição. Acreditamos, com toda força de nossa alma, que a vida humana encontra sentido justamente em Cristo. N'Ele, todas as esperanças podem se realizar e todos os esforços pelo bem e pela verdade chegam a porto seguro.

Quando professamos a fé, temos a certeza de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida para todos. Cabe-nos respeitar as pessoas que têm outras convicções religiosas e existenciais. Mas não nos é lícito omitir-nos na proclamação da verdade da fé.

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A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo

Em torno da Ressurreição de Cristo, toda a prática religiosa cristã se organizou no correr dos séculos. O dia dos dias é o domingo, pois Jesus venceu a morte, o pecado e a dor no primeiro dia da semana. Assim, para os cristãos, essa realidade supera os ciclos naturais. Ainda que dias, noites, meses e anos sejam vividos por nós junto com as outras pessoas. Vivemos entre dois polos de tensão, "dependurados" na certeza da Ressurreição e na volta do Senhor, no fim dos tempos, quando Deus for tudo em todos. Por isso, a Igreja clama com confiança: "Anunciamos, Senhor, a vossa Morte, proclamamos a vossa Ressurreição! Vinde, Senhor Jesus!".

Do domingo veio a semana cristã. Dele se ampliaram os horizontes celebrativos, para que o mistério de Cristo se faça sempre presente e atual. Do dia da Ressurreição veio a Páscoa anual, celebrada com toda solenidade. Os mistérios da vida de Cristo vieram, pouco a pouco, a ser comemorados. Sempre com a Santa Missa, presença e renovação do Sacrifício do Calvário. Tudo marcado pela abundante proclamação da Palavra de Deus.

As pessoas que escolheram seguir Jesus Cristo e o fizeram com radicalidade, que nós chamamos de santos e santas, são recordadas no dia de sua Páscoa pessoal na morte. Isso levou a Igreja a celebrar, também com a Santa Missa, seus exemplos e sua intercessão orante pelos que caminham rumo à pátria definitiva.

Nosso calendário é chamado "litúrgico", porque se organiza em torno do único mistério, Jesus Cristo, nosso Salvador, que morreu e ressuscitou para nos salvar. A cada ano, retornamos apenas às mesmas celebrações. Mas nos encontramos crescidos e mais amadurecidos na fé, para testemunhá-la mais ainda.

O gosto pelas celebrações da Igreja

Este deve ser o programa de vida do cristão. Entende-se, assim, porque nossas famílias incutiram em nós o gosto pelas celebrações da Igreja. Batismo, Primeira Comunhão, Crisma, Matrimônio marcam esse ritmo. Ainda se acrescentam as devoções das famílias ou as festas de padroeiros, Círios, Coroações, Novenas, Procissões. Parecemos agradavelmente teimosos, sem permitir que outras realidades nos engulam de vez! Olho assim para a realidade amazônica, mas quero ver mais longe. Sabendo que em todos os quadrantes há cristãos assim dispostos a manter viva, não só a fé, mas também uma sadia influência na cultura do tempo em que vivemos.

Entretanto, nosso calendário católico oferece ao mundo uma semana especial. Estamos às suas portas, chamada santa por causa do Senhor que se faz presente com intensidade, suscitando a conversão aos valores do Evangelho. Chegue a todos o convite da Igreja Católica para a grande missão chamada Semana Santa!

Esta semana é grande, porque a Palavra de Deus é oferecida com abundância. A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo celebrado na Liturgia a partir do Domingo de Ramos, para chegar ao Tríduo Pascal, de Quinta-feira Santa, ao cair da tarde, até Domingo de Páscoa, tendo seu ponto mais alto na Vigília Pascal na Noite Santa.

Chamado ao seguimento de Jesus

Não dá para sermos espectadores. Tudo o que acontece é em vista de nossa vida cristã e de nossa salvação. Quando foi publicado o cartaz da Campanha da Fraternidade de 2015, a figura do Papa Francisco, realizando o Lava-pés na Semana Santa, deixou uma forte impressão em todo o país. O rito não tem nada de teatral, nem mesmo de gestos do passado. É extremamente atual e provocante! E a Sexta-feira Santa traz consigo o chamado ao seguimento de Jesus, para conduzir-nos depois à Páscoa, celebrada em seu coração, da Vigília Pascal para o Domingo.


Alegria da salvação

O que dizer dos grandes sermões pronunciados na Semana Santa? Em nossa Belém, o Sermão das Três Horas da Agonia, com as Sete Palavras de Jesus na Cruz, na Sexta-feira Santa, abre ouvidos e corações a cada ano. Pelas ruas, a Via-sacra, o Sermão do Encontro, o descendimento da cruz, tudo se torna anúncio, resposta de fé e vida nova para todos. Além das celebrações litúrgicas e dos grande sermões, os acontecimentos pascais são também encenados com capricho por uma infinidade de grupos. A Paixão de Cristo é o episódio da história da humanidade mais representada em peças teatrais. Quanta gente já encontrou emoção e conversão assistindo, nas praças públicas, a esses espetáculos!

Permaneça em nós, na grande Semana, o apelo de Santo Atanásio, que vale como convite: "É muito belo passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado. O Deus que, desde o princípio, instituiu essa festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho. Pelo mesmo motivo nos proporciona essa santa solenidade que não tem igual no decurso do ano. Essa festa nos sustenta no meio das aflições. Por ela, Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. É este um milagre de sua bondade: congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os que, porventura, se encontram fisicamente afastados" (Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo).



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/semana-santa-misterio-pascal-conversao-fe/

13 de abril de 2025

Domingo de Ramos e da Paixão: Caminho de entrega e esperança

Ramos, cruz e esperança

Ramos, flores, aclamações e gritos de hosana. Desde a entrada de Jesus em Jerusalém, a procissão não se interrompeu. Continuaremos a dizer-lhe que é bem acolhido e, ao mesmo tempo, clamamos pela sua vinda no fim dos tempos. Em Jerusalém, assim como no correr dos séculos, depois dos vivas vem a Cruz, para chegar à Ressurreição. Vivemos bem dependurados nos polos do mistério de nossa vida e salvação: "Cristo morreu! Cristo ressuscitou! Cristo é o Senhor! Jesus Cristo há de voltar! Vem, ó Senhor!" Cada Semana Santa nos faz acompanhar os dias que antecederam a Páscoa e viver com o Senhor o drama e a trama dos acontecimentos, deixando-nos envolver por eles, sabendo que estão presentes no ano inteiro, nas celebrações litúrgicas, sobretudo na Santa Missa.

De fato, na Eucaristia, tudo isso é colocado à nossa disposição, para que se multipliquem os frutos da Salvação. O Domingo de Ramos nos faz acolher Jesus, recebendo-o nos vários ambientes de nossa vida, nas famílias, nas Comunidades de Fé e na Sociedade. Neste ano, queremos acolher Jesus em nossa belíssima realidade amazônica. Ao elevar nossos ramos, desejamos proclamar que tudo o que Deus fez é muito bom e bonito! Bendita a Campanha da Fraternidade, que nos dá o sadio olhar de otimismo, proclamando fortemente que "Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal" (Sb 1,13-15). Ao acolher Jesus, comprometamo-nos a gostar de nossa terra, admirar a natureza e aprender a tarefa do cuidado com tudo o que Deus pôs à nossa disposição.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

Com Jesus, restaurar a beleza do mundo

Entretanto, quando percorremos nossas cidades, observamos justamente a trágica realidade da falta do cuidado. Há o lixo pelas ruas, a falta de seriedade no tratamento dos resíduos. O relaxamento de todos nós quanto à atenção aos espaços destinados à vida e dignidade das pessoas. Queremos convidar Jesus a vir conosco, ensinando-nos a valorizar a natureza. Dele ouvimos recomendação: "Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé? (Mt 6,26-30).

Peçamos ao Senhor que caminhe conosco, como operários da limpeza pública, para fazer o nosso mundo mais digno e bonito. Entretanto, sabemos que, na raiz de tudo, está o pecado, que perturba e compromete a criação de Deus. Ousamos pedir a Jesus que saia conosco pelas ruas, como um Divino Lixeiro, e nós todos trabalhando com ele, ele que pagou pelos nossos pecados, lixo infinito por ele absorvido, para entregar nas mãos infinitas da Misericórdia Divina o que temos de mais feio, nossos pecados! Misericórdia, Senhor! Aquele que é bendito nos dá as mãos para entrarmos juntos nas casas de nossas famílias. Desejamos dizer que ele é bendito, sabendo que nele está a força e o poder para sanar os problemas que vivemos em nossas casas.

Ajudar o próximo

Queremos também nos unir às famílias que cuidam com amor de pessoas enfermas. Com ele, queremos visitar as famílias em crise, os casais à beira da separação. Permita o Senhor que o tomemos pelas mãos para entrar nos espaços em que as pessoas se sentem solitárias e deprimidas. Só o Senhor pode ser companhia adequada de cada um dos filhos e filhas de Deus! Pedimos a Jesus que nos revista da caridade para servir e partilhar os nossos bens com aqueles que estão na miséria, dando o rosto da fraternidade a todas as nossas Paróquias e Comunidades.

Desejamos percorrer nossos ambientes mais desafiadores e problemáticos. Com Jesus que entra em nossa cidade, queremos ser família e teto para quem não tem onde morar e a quem falta todo tipo de apoio. Que o Senhor encontre espaços através de sua Igreja e de todos nós, cristãos, para chegar ao coração e à vida dos que são viciados.


A fé que nos sustenta na caminhada

Agora, damos a palavra às crianças, para que elas nos provoquem e aprendamos a dizer "hosana". Sim, com elas agradeçamos por todas as pessoas que se sentiram acolhidas em nossas Comunidades. E nos alegramos porque as vozes de nossas crianças não se calaram, e continuam cantando: "Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no Céu e glória nas alturas" (Lc19,38).

Damos graças pelos irmãos e irmãs que silenciosamente realizam o serviço da caridade por todos os cantos. Neles, queremos agradecer a Deus por todas as pessoas, sejam quais forem suas idades e condições sociais que, desde a Páscoa passada, encontraram Jesus e a Igreja. Fazemos festa pelas Comunidades de Igreja que cresceram e podem acolher mais pessoas nas celebrações pascais. Seja Deus louvado pelas famílias, cujas casas acolhem a Palavra de Deus e a Oração. Louvamos ao Senhor porque muitos jovens de nossa Arquidiocese acolheram o chamado vocacional e se dispõem a oferecer sua vida pelo anúncio do Reino de Deus. Com a candura das crianças desejamos olhar para o bem que é feito e experimentar o otimismo da fé, que nos sustenta na caminhada.

Ao celebrar a Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão, entendemos que a força da Páscoa já ilumina nossos passos: "Hoje, iniciamos, com toda a Igreja, a celebração do mistério pascal de nosso Senhor, sua morte e ressurreição. Para consumá-lo, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Por isso celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressureição e sua vida". (cf. Liturgia do Domingo de Ramos).

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/domingo-de-ramos-e-misericordia/

O que importa na sua música, é a mensagem

"Deixa a vida me levar"

A vida sem música não dá! Então, deixa a vida me levar, vida leva eu!

Créditos: cancaonova.com

De autoria de Serginho Meriti e Eri do Cais, essa música popular brasileira fez muito sucesso quando foi lançada, em 2002, tornando-se de tal modo um marco na carreira do cantor Zeca Pagodinho, que ele acabou tomando a música como seu próprio propósito de vida, uma filosofia que foi e ainda é abraçada por toda uma geração, praticamente um hino dos brasileiros, especialmente por conta do refrão, que dá origem ao nome da música:

Deixa a vida me levar, vida leva eu!

Se você já teve a curiosidade de prestar atenção nas estrofes da letra, vai observar que ela traz um recado de alguém que é grato a Deus e feliz com aquilo que tem, na simplicidade, podendo até ser considerada uma oração sincera, digna de louvor.

Veja só:

Eu já passei por quase tudo nessa vida
Em matéria de guarida, espero ainda a minha vez
Confesso que sou de origem pobre
Mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez
Deixa a vida me levar (vida, leva eu)
Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu.
Só posso levantar as mãos pro céu
Agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu
Se não tenho tudo que preciso
Com o que tenho, vivo
De mansinho lá vou eu
Se a coisa não sai do jeito que eu quero
Também não me desespero
O negócio é deixar rolar
E aos trancos e barrancos, lá vou eu
E sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu
Deixa a vida me levar (vida, leva eu)
Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu

A  influência da música

Mas o que pegou mesmo e fez todo o sucesso, intencionalmente ou não por parte dos autores e do cantor, não foram as estrofes simples e até dignas, mas sim o refrão, um sedutor convite ao menos avisado, também conhecido como inocente, a levar uma vida descompromissada, longe das obrigações, sem muita disciplina, sem vínculos e, infelizmente, sem limites. Uma postura bem distante dos princípios cristãos, que são bem exigentes e demandam muito esforço, compromisso, disciplina e tudo mais para serem vividos. Essas pessoas sem Deus tendem a colocar sua confiança nos outros e em suas ideias, e, quando decepcionadas, tendem a desanimar e ficam sujeitas a esse tipo de mensagem sedutora.


Esse fato, isto é, a influência massificante de uma simples música na maneira de viver de tanta gente, precisa ser muito bem estudado por cada um de nós, mas de modo todo especial por quem já esteja ou tenha intenção de atuar como ministro de música dentro da nossa amada Igreja. É preciso refletir e perceber que, muitas vezes, o que fica depois de cada canção é a mensagem. E a mensagem que vai ficar no coração das pessoas pode estar no refrão ou nas estrofes das músicas que você apresentou, mas pode também estar na forma como você ministrou, de que modo você rezou com a música. Tudo é absorvido intensamente e profundamente pela sua audiência, como uma esponja absorve a água. Nada passa desapercebido, e como no exemplo trazido, pode comunicar uma filosofia, um convite sedutor que nunca esteve nos seus objetivos.

Portanto, é preciso atenção, vigilância, um forte senso de responsabilidade e compromisso com a mensagem. Seu talento é precioso demais para Deus e precisa ser usado com muito critério, para não se desviar daquilo que Deus quer para você e sua música. Seja exigente consigo mesmo, não somente com a qualidade harmônica ou outros atributos da sua música. Você é o que você canta e como você canta.

Não, não deixe a vida te levar, não deixe a fama te levar. Não deixe!

 

Vinícius Adamo
Missionário Aliança da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/deixa-a-vida-me-levar/