7 de abril de 2018

Deixe-se ser conduzido pelo Espírito Santo ao deserto

O deserto é a oportunidade que temos para encontrar com Deus

Deserto, vem do latim desertu = desabitado, despovoado, solitário, lugar em que não vive gente, lugar solitário, solidão. O povo de Deus caminhou pelo deserto por quarenta anos. O profeta Oseias escreve: "Por isso a atrairei, conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração" (Oseias 2,16). Jesus também foi conduzido pelo Espírito ao deserto. Vemos em outros textos bíblicos que Jesus sempre procurou ficar a sós para falar com Deus. O deserto é o lugar do encontro: encontro com Deus e consigo mesmo. Ir ao deserto, a fim de, encontrar-se com a própria alma e com Deus, que fez dela sua morada.

Deixe-se ser conduzido pelo Espírito Santo ao deserto

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Ver a Deus, viver em sua presença é o desejo profundo e persistente de toda a alma. A solidão a chama, o silêncio a atrai, o deserto a conquista. O deserto de que falamos aqui não é este lugar desabitado, solitário, não é ausência de vida, não é cemitério de presenças que passaram, ou areia movediça, que o vento arrasta e recolhe sem ordem, sem rumo. Que seria então o deserto, se não fosse um grande santuário, se não fosse "casa de Deus e a porta do céu?".

A presença de Deus no deserto

Falamos de um deserto que vive, que pulsa, que canta. A presença do Deus vivo e, três vezes Santo, envolve e vivifica o grande santuário. O Espírito Santo nos leva a descobrir essa presença de Deus que nos chama a uma intimidade profunda e que quer se relacionar conosco.

O Espírito Santo nos leva a descobrir o caminho da verdadeira adoração, no qual reconhecemos os direitos soberanos que Deus tem sobre nós, onde antecipamos na terra o que vamos viver para sempre no céu: viver na presença de Deus, cantar a sua glória e o seu louvor.


Seja amigo do Espírito Santo

Vivemos para testemunhar a glória de Deus. O Espírito ensina-nos a louvar e a amar a Deus. Não tenha medo de ir para o deserto como fez Jesus, não tenha medo da presença de Deus que nos seduz para vivermos com Ele. Deixe o Espírito Santo iluminar os seus "eus" interiores para revelar a sua verdade e dissipar aquilo que não proclama Deus em sua vida. Este é o caminho de conversão que precisamos trilhar. Que a luz seja! Esta seja a nossa oração! Que eu veja! Esse seja o nosso clamor.

O Espírito Santo é o Amigo que revela os mistérios do Reino, que nos aponta a vontade de Deus e nos faz romper com todo o mal, para que toda a nossa vida seja um canto de louvor à bondade do Senhor. Venha, Espírito Santo! Vinde logo! Vinde, Espírito Santo!

Vera Lucia Reis
Missionária da Comunidade Canção Nova

5 de abril de 2018

Como posso experimentar o poder da cura interior?

Abra-se para o processo de cura interior e descubra as maravilhas de Deus

Gostaria de fazer-lhe um convite, o de mergulharmos juntos nos braços de Deus Pai, sermos íntimos d'Ele e poder dizer: "Abba Pai".

Você pode olhar para dentro de si e perceber todas as maravilhas que Deus tem feito em sua vida?

Às vezes, corremos o risco de parar somente em nossas derrotas, em nossos medos e limitações e acabamos nos esquecendo de contemplar as bênçãos que Deus, abundantemente, derrama sobre nós.

Como posso experimentar o poder da cura interior

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Meu amado, minha amada, creio que você pode estar se perguntando: "Como contemplar as maravilhas de Deus, Carlos, se tudo em minha vida está desabando?".

Viva verdadeiramente sua fé

Meu (minha) irmão (ã), quero lhe trazer uma boa nova: "Porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa " (1Jo 5,4).

Você já é mais do que vencedor (a), assuma isso para sua vida. Hoje, quero orar com você, pedindo a Deus que cure seu coração. Cure todo sentimento de perda, toda carência, seja de pai, de mãe, seja qual for. Apresente-se agora para o Senhor, pois Ele quer curá-lo (a), quer restaurar sua vida. Chega de andar nas trevas, chega de viver oprimido (a) pela ação do mal. Deus lhe deu vida e vida em abundância.

Rezemos juntos

Eu creio que no nome de Jesus, você pode ser curado (a), agora. Abra seu coração e ore comigo:

"Senhor Jesus, reconheço o Seu Senhorio sobre minha vida, por isso, suplico a Sua graça, a Sua bênção. Peço-Lhe, Senhor, que possa colocar Sua luz em meu coração, que devido às situações do dia a dia, decepções, traições, medos, traumas, ressentimentos, e outros obstáculos, hoje, me impedem de experimentar esta vida nova.

Pelo poder de Sua palavra. 'Invoca-me nos dias de tribulação, e eu te livrarei e me darás glória' (Sl 49,15). Tomando posse dessa promessa, eu clamo, Senhor Jesus, cure-me, toque-me com Seu poder de cura. Eu abro o meu coração agora, e permito que purifique meu interior, Senhor. Tire todos os entulhos que guardei, há anos, em meu coração. Chega, Senhor, não quero mais viver neste mundo de trevas, quero a luz, a Sua luz que ilumina minha vida".


Curai e transformai seu coração

"Derrame Sua unção de cura, Senhor! Transforme meu coração para que eu seja renovado dia após dia. Obrigado, Senhor, pois sei em quem coloquei a minha confiança. Amém!".

"Ó, Papaizinho!". É assim que Deus Pai quer ser chamado, pois Ele tem por nós um carinho muito grande. Você é o filho, a filha mais amada. Deus é apaixonado por você!

"Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no Seu Sangue" (Ap 1,5).

Peça a cura e a libertação

Veja o quanto Jesus nos ama, a ponto de se dar por nós. Por isso, Ele quer nos curar e nos libertar. Sinta-se envolvido (a) nestes braços amorosos de Pai. Ele o (a) acaricia, o (a) envolve. Que todo sentimento de inferioridade que você possa ter, caia por terra; para que nasça em você a mulher nova, o homem novo.

Eu creio no poder de Deus. Ele vai restaurá-lo, amado de Deus. Não há apatia espiritual e desespero que não sejam destruídos pelo poder do Senhor. Pois, nada se compara ao que o Senhor pode nos oferecer.

Que seja liberada toda a unção de cura no seu corpo, que sua vida seja abençoada no nome de Jesus. "A Vossa mão direita, ó Senhor, manifestou a Sua força. Vossa mão direita aniquilou o inimigo" (Ex 15,6). A mão poderosa de Deus pode e quer destruir todos os inimigos que têm levantado-se sobre sua vida, todos os muros que o têm impedido de viver na bênção.

Meu Deus, eu peço-Lhe que cure a todos que lerem este artigo, o qual muito mais que um artigo, é um clamor pela manifestação de Seu poder na vida desses meus irmãos e irmãs, que suplicam pela Sua graça. Obrigado, Senhor! Toda glória e honra está somente em Ti, Senhor Jesus.

Irmãos, irmãs, se preparem para tudo o que Deus irá fazer por vocês. Realmente é algo maravilhoso! Aguardo o seu testemunho.

Paz e bênção!

Carlos Biajoni
Missionário da Comunidade Canção Nova

3 de abril de 2018

A face mais bela do amor no namoro é o perdão e a fidelidade

Desde o namoro é preciso ter em mente que a beleza do amor está exatamente na construção da pessoa amada

Uma vez que o egoísmo é o oposto do amor, um casal egoísta pode ser comparado a duas bolas de bilhar: só se encontram para se chocarem e se afastarem em sentidos opostos.

Será que você é daquelas que vivem mal-humoradas ou que "derruba o beiço" por qualquer contrariedade? Será que você é daqueles que irrita-se por qualquer coisinha dela que não esteja do seu gosto? Você perdeu a linha porque ele atrasou-se quinze minutos? Você deixou o seu namoro azedar porque ele olhou, apenas um instante, para outra moça que passou ao lado?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Perdão

"O amor não guarda rancor" – diz o apóstolo; mas é claro que haverá no namoro momentos de "desencontros". São normais os pequenos desentendimentos, são frutos das diferenças individuais e das circunstâncias da vida. O feio não é brigar, e sim, não reconciliar-se, não saber perdoar, não quebrar o silêncio mortal e não dialogar.

Para evitar as brigas e desentendimentos é preciso saber combinar as coisas; o povo diz que "aquilo que é combinado não é caro". Aprendam a combinarem sobre o passeio, sobre as atividades que cada um gosta de fazer, etc.

É preciso dizer aqui que: a face mais bela do amor no namoro é o perdão.

Você tem o direito de ser perdoada, porque errar é humano; mas, tem também, o dever de perdoar quando ele errar e pedir perdão. O gesto mais nobre de Jesus foi o de perdoar os algozes que o crucificavam. E não há futuro para um casal que não se perdoam mutuamente, esta é a maior reserva de estabilidade para o casal: o perdão.


Fidelidade

Outra face bela do amor é a fidelidade. Ser fiel ao outro não quer dizer apenas não ter outro parceiro; é muito mais do que isto, é ser verdadeiro em tudo; e não enganar o outro em nada; é não ser fingido, mascarado ou dissimulador.

Se você mente para a sua namorada, saiba que está destruindo o amor entre vocês. Nada é mais fatal para o amor do que a mentira. A mentira gera a desconfiança; a desconfiança gera o ciúme; o ciúme gera a briga e a separação. "A mentira tem pernas curtas", a verdade logo aparece, e quando isso ocorre, deixa o mentiroso desqualificado, e não mais digno de confiança. Portanto, quebre toda falsidade, dissimulação e fingimento, porque essas coisas destroem o amor.

Se você fizer do seu namoro uma brincadeira de "esconde-esconde', você estará brincando de amar, e isso é muito mal e ser fiel ao outro é saber respeitá-lo, defendê-lo, e não traí-lo de nenhuma forma, seja pelos pensamentos, atitudes, ou com palavras.

Desde o namoro é preciso ter em mente que a beleza do amor está exatamente na construção da pessoa amada, e isso, é uma missão para gente madura, com grandeza de alma. Construir uma pessoa é educá-la em todos os aspectos; é uma obra do coração.

Não há o que o amor não possa fazer; quando não ajudamos o outro a crescer é sinal de que o nosso amor por ele ainda é pequeno. Se o seu namoro não for exercício constante do amor, ele fica vazio, monótono, a sem sabor. E como a natureza tem horror ao vácuo, esse vazio será preenchido por desentendimentos e brigas.

Namorando aprende-se a amar, mas, amando aprende-se a namorar.


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino

1 de abril de 2018

Nossa religião gira em torno da Páscoa

No dia de Páscoa, relembramos os feitos que Cristo empreendeu por amor à humanidade

O centro de tudo está na Eucaristia, que é a atualização dos efeitos da Páscoa em nossa vida. E essa força faz-se eficaz em nosso ser (alma e corpo) por meio da iniciativa de Deus, pela Sua permanência conosco. Para isso, no entanto, o Senhor quer contar com a nossa aceitação, que somente é verdadeira quando expressa uma resposta pela forma de atualização e memória.

Contudo, devemos entender o significado de tais palavras à luz da Sagrada Escritura, para compreendermos a real comunicação do que Jesus fez por nós e o que Ele pede de cada um, para aderir ao Seu plano de amor e salvação.

Crédito: D-Keine/ by Getty Images

Primeiramente, o verbo "permanecer"

Encontramos diversos versículos que tratam da permanência de Deus entre nós. O próprio nome do Emanuel significa: Deus conosco.

A identidade bíblica dessa palavra "permanecer" não exemplifica simplesmente o local onde algo ou alguém está. É, além disso, a totalidade do ser numa realidade, onde se deposita ou insere toda a amplitude do que porta aquele que permanece.

"Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita (hb. ןכש , shokhên) na eternidade e cujo nome é santo" (Is 57, 15).

A palavra "habitar" é, portanto, em hebraico, shakan, que significa "residir", "morar", "continuar", "permanecer" e "descansar". A palavra shakan está relacionada a shakab, que significa "descer", "deitar". É por isso que, o verbo shakan, deu origem ao substantivo shekinah que, apesar de não constar na Bíblia dessa forma, sua ideia já se encontra nas Escrituras, utilizada para referir-se à manifestação da glória de Deus, como no caso de Êxodo 24,16;40.35 e Números 9,16-18. Ou seja, onde Deus "habita ou permanece" está Sua presença, glória e esplendor.

Sinais divinos

Jesus atribui a procedência de seus sinais divinos a uma movimentação entre o Pai e Ele, que permanecem um no outro. "Não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras " (Jo 14,10).

Outro exemplo que Cristo nos revela é que a verdade só será infusa naqueles que aceitarem a permanência do Espírito Santo em si. "O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós " (Jo 14,17).

Se pois, Deus habita entre os homens, então significa que Jesus aconchegou toda a Sua pessoa, com todo Seu poder e majestade, entre os seres humanos.

Não estamos sozinhos, Ele está entre nós e é nossa constante companhia em todos os momentos, mesmo se não O sentimos. E voltar, tendo vencido a morte e conquistado a Ressurreição, insere que essa parte de Seu Ser, está presente, permanece, é continua e reside entre a realidade humana.

Não somos escravos de nenhum tipo de morte, nem física nem eterna. Esse aguilhão das trevas não é o fim de tudo, sua palavra não é a definitiva. Portanto, devemos viver pela esperança de que todas as coisas um dia se farão novas e a alegria brilhará aos nossos olhos.

Para existir, trazendo em nós essas certezas, pede-nos uma adesão à salvação de Jesus, que só poderá ser feita pela atualização e memória.


O que é atualizar e rememorar?

No dia de Páscoa e os que o antecedem, relembramos os feitos que o Cristo empreendeu por amor à humanidade.

O Evangelho de São João, talvez, seja o que significará melhor o entendimento sobre o que vem a ser este "recordar" bíblico. Pelo menos em três passagens, João utiliza o termo recordar. "Os seus discípulos recordaram-se que está escrito: "o zelo pela tua casa consuma-me" (Jo 2,17; cf. Sl 69,10); também, depois da ressurreição, quando seus discípulos se recordaram que Ele os teria comunicado sobre esse acontecimento (cf. Jo 2, 22) e no Domingo de Ramos (Jo 12, 14s; cf. Zc 9, 9).

Assim, João, em seus escritos, quis nos despertar para a realidade de que, os acontecimentos do passado não encerram seu sentido no fato, mas, caminha para além do tempo e espaço em que ocorreram.

O Antigo Testamento não pronuncia um fato histórico definido apenas pelo seu sentido literal, porém encontra significado na pessoa e missão de Jesus. Também nossa história de vida está carregada de acontecimentos que provam o amor de Deus por nós e de chances que há muito tempo Ele vem nos proporcionando de uma vida nova.

O sentido e os efeitos do amor de Deus

Atualizamos nossa fé quando a recordamos. Trazemos para o tempo presente o sentido e os efeitos do amor de Deus nas ocorrências ordinárias do cotidiano. Para Ele não existe o tempo chronos.

A palavra grega "anamnese" foi usada pelo Mestre ao instituir o sacramento da Eucaristia, e quer dizer "fazer de novo". "Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim'"(Lc 22,19). Na nossa língua, equivale a: "Façam isso novamente por mim".

O evangelista João nos ensina a esclarecer o sofrimento do Cristo e o nosso próprio à luz da escolha que fizemos por Ele. Por isso, a cada dia chegamos a uma nova iluminação ao que conhecemos da pessoa de Jesus e de Sua permanência em nossa vida através das alegrias e tristezas, de quando o fardo é leve ou de quando a Cruz torna-se pesada demais. Entendemos, talvez no momento, talvez no futuro, o "para que" aquela provação.

O melhor de tudo é que não somente nos vêm a compreensão intelectual, e também, pela contemplação do mistério de amor de Jesus Cristo, enchemo-nos de força para atravessar qualquer desafio, e esse torna-se objeto de ressurreição em nossa vida.

Ao fazer memória das Escrituras Sagradas, das obras e do Calvário de Jesus, elas fazem-se presentes/permanentes nos dias de hoje e em nossa vida. Jesus torna-se vivo e atuante no coração e na alma do crente.

À luz do Espírito Santo, a sabedoria nos chega, mas é preciso estar disposto a atualizar a Palavra e a Cruz do Cristo, entranhando-as em nós, pois, dessa forma, podemos dizer verdadeiramente "Cristo ressuscitou em mim! Aleluia!"

Feliz Páscoa para você!

Deus o abençoe!

29 de março de 2018

O significado da celebração e o rito do Tríduo Pascal

O Tríduo Pascal

Está chegando a Páscoa do Senhor, o período do Tríduo Pascal, que é celebrado sempre no dia de domingo e antecedida pela celebração da Sexta-feira Santa, feriado nacional.

É claro que, muitos de nós, pensamos em um determinado momento, no feriado prolongado, com planos de descansar, viajar ou de receber visitas, mas, no fundo, sabemos que não é só isso. O período de tempo que vai da tarde de Quinta-feira Santa até a manhã do Domingo de Páscoa é chamado de Triduum Sacrum; e nesses dias estão contidos o mistério pascal e o mistério Eucarístico.

A celebração desse período litúrgico nos garante a lembrança profunda dos fundamentos da nossa , que Jesus Cristo morreu e ressuscitou para nos livrar do pecado.

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Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Na carta do Papa João Paulo II aos sacerdotes, por ocasião da Quinta-feira Santa, do ano de 1999, encontramos: "o Triduum Sacrum, os dias santos por excelência, durante os quais, misteriosamente, participamos no regresso de Cristo ao Pai, por meio da Sua Paixão, Morte e Ressurreição. De fato, a fé garante-nos que essa passagem de Cristo ao Pai, ou seja, a Sua Páscoa, não é um acontecimento que diga respeito só a Ele; também nós somos chamados a tomar parte nela: a Sua Páscoa é a nossa Páscoa".

De fato, a celebração do Triduum Sacrum representa nossa aproximação com a memória do sacrifício de Jesus Cristo por nós, do Cordeiro de Deus imolado, para remissão dos pecados. E não se resume em relembrar o sacrifício de Cristo, mas em nós mesmos nos voltarmos para o caminho de Deus, renovados pelo perdão.

Esperança de vida eterna

Participar do Triduum Sacrum é também cumprir o mandamento de guardar domingos e festas de guarda e obedecer à Doutrina Católica Apostólica Romana. É que o cânone 1.247 do Código de Direito Canônico dispõe que "No domingo e nos outros dias festivos de preceito, os fiéis têm obrigação de participar na Missa; abstenham-se ainda daqueles trabalhos e negócios que impeçam o culto a prestar a Deus, a alegria própria do dia do Senhor ou o devido repouso do espírito e do corpo".

Ao lembrarmos do mandamento de guardar domingos e festas de guarda, temos que reacender em nós a perseverança que nos mantêm no caminho dos céus.

Ao ser questionado sobre como alcançar a vida eterna, Jesus respondeu: "Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos" (Mt 19,17).

Papa Francisco também nos ensinou sobre o Decálogo (dez mandamentos) em sua Carta Encíclica Lumen Fidei: "O Decálogo não é um conjunto de preceitos negativos, mas de indicações concretas para sair do deserto do «eu» autorreferencial, fechado em si mesmo, e entrar em diálogo com Deus, deixando-se abraçar pela sua misericórdia, a fim de a irradiar".


Dessas palavras do Papa Francisco podemos refletir: que momento melhor para deixar a si mesmo e ir ao encontro do Deus, do que o tempo Pascal?

Não há dúvidas de que Deus nos recebe a todo momento de braços abertos, ainda que, saídos de um caminho de pecado, o Pai recebe o filho pródigo com uma festa. E se, por vezes, o retorno é sofrido, por estarmos com o coração cheio de mágoas, o tempo Pascal se mostra a oportunidade de retornar.

Tempo de perdão

É neste tempo que as paróquias costumam organizar as confissões comunitárias, mais acessíveis àqueles que estão a tempos afastados da Igreja. Também, o Catecismo da Igreja Canônica nos ensina os preceitos da Igreja que se inserem na linha duma vida moral ligada à vida litúrgica e nutrindo-se dela, sendo que o terceiro preceito (comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição) garante um mínimo da comunhão com o Corpo e Sangue do Senhor, em ligação com as festas pascais, origem e centro da liturgia cristã.

Nesta Páscoa, ainda que em viagem de turismo ou para visitar a família, mesmo que se dedique estes dias ao descanso, não podemos deixar de lado aquelas poucas horas em que acontecem as celebrações pascais.

Se for viajar, informe-se sobre as paróquias próximas e dos horários das celebrações. Se for receber visitas, faça aos hóspedes este belo convite, de celebrar com sua família a memória do sacrifício de Jesus Cristo em amor à humanidade.

REFERÊNCIAS:

A BÍBLIA SAGRADA. Edição Pastoral. 86 ed. São Paulo: Paulus. 2012.

CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO, promulgado por João Paulo II, Papa. Conferência

Episcopal Portuguesa. 4. ed. Editorial Apostolado da Oração – BRAGA, 2007.

Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cod-iuris- canonici/portuguese/codex-

iuris-canonici_po.pdf>

JOÃO PAULO II. Carta do Papa aos Sacerdotes por Ocasião da Quinta-Feira Santa de1999. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/letters/1999/documents/hf_jp-ii_let_14031999_priests.html>

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano. Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s1c3_142-184_po.html>

LUMEN FIDEI. Carta Encíclica do Sumo Pontífice Francisco: 29 de jun. 2013. Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20130629_enciclica-lumen- fidei.html>


Luis Gustavo Conde

Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Professor de cursos técnicos. Catequista no Santuário de Nossa Senhora Aparecida em Ribeirão Preto/SP. Palestrante focado na doutrina cristã. Contato: lg.conde@icloud.com Twitter: @guconde12

28 de março de 2018

Luz da Fé: Onde encontrar a felicidade

Somente em Deus o homem há de encontrar a felicidade, que não cessa de procurar

Neste programa "Luz da Fé", quero refletir com você sobre o número 27 do Catecismo da Igreja Católica, que ensina o seguinte:

Foto ilustrativa: Jorge Ribeiro / cancaonova.com

O desejo de Deus

O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que, o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem para si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar:

«O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador»(1).

O GPS para a felicidade

Deixa eu contar algo pra você: certa vez, eu fui com a minha esposa a uma consulta médica numa cidade aqui do Vale do Paraíba. Ao final da consulta, a médica insistiu para que fizéssemos o medicamento num certo laboratório que havia naquela cidade. Ela, então, fez toda uma explicação demorada de como chegar naquele endereço (inclusive desenhou um mapa, numa folha para que eu não me perdesse). Eu tentava explicar, em vão, àquela médica que eu tinha um aparelho GPS no meu carro, ou seja, era só me dar o endereço que o GPS se encarregaria de indicar-me o caminho. Aceitei educadamente o mapa que ela fez, mas não o utilizei, pois usei o GPS mesmo.

Por que estou lhe contando isso? Porque nesse número 27 do Catecismo da Igreja Católica, vemos a indicação de um "GPS" que nos direciona rumo à felicidade. Sim, mais ainda: existe Alguém que nos guia acertadamente para a felicidade: "somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar".


Hoje, meu irmão, você sente-se infeliz? Então, busque a Deus; procure por Ele. Somente em Deus – nos ensina a Mãe Igreja – o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar. Então, não procure mais a felicidade no álcool, nos vícios, na prostituição. Não procure a felicidade onde ela não está.

A felicidade só encontramos em Deus. Ele é o "GPS" que nos indica, com segurança, o caminho. Você quer acertar a direção rumo à felicidade? A resposta está em Deus; com Ele você encontrará a felicidade para a sua vida.

Um forte abraço!

Alexandre Oliveira
Missionário da Comunidade Canção Nova

(1) Constituição Pastoral "Gaudium et spes" 19,1

26 de março de 2018

Todo pecado confessado na Missa é perdoado?

O pecado confessado na Missa nos ajuda a celebrar melhor a Eucaristia

A Eucaristia é o ápice da vida cristã, pois é o memorial do sacrifício de amor de Jesus. Logo, o homem, que só encontra a sua realização em Deus, deve celebrar com todo amor e zelo esse memorial. Para isso, o ato penitencial colabora e faz com que ele reconheça quem realmente é: um filho que tem pecado e necessita do amor.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Missa: união com Cristo e perdão do pecado

O cristão, ao participar da Missa, comunga de duas mesas: da mesa da Palavra e da Eucarística. Mas, assim como antes de fazermos qualquer refeição lavamos as nossas mãos por motivos de higiene, o cristão também é chamado a "lavar as mãos" antes de participar desse banquete, e esse "lavar as mãos" é no sentido de pedir perdão pelos seus pecados no ato penitencial.

Há uma motivação do sacerdote que diz: "Preparemo-nos, pois, para celebrar dignamente esses santos mistérios, reconhecendo que somos pecadores". Assim, quando o cristão reconhece que é pecador e pede perdão, ele lava a alma, celebrando com mais dignidade os mistérios do Senhor.

Na Missa, o cristão é convidado a se unir mais a Cristo e progredir na amizade com Ele. Ela não é destinada a perdoar os pecados, tampouco se deve confundi-la com o sacramento da reconciliação (Cf. CIC 1396). Na Missa, Deus perdoa os nossos pecados veniais. Não que Ele não seja capaz de perdoar os mortais, mas, como um pai que não dá tudo fácil para o filho, a fim de educá-lo para os verdadeiros valores, é preciso dirigirmo-nos ao Sacramento da Reconciliação. Pois a Igreja ensina que "quem está consciente de um pecado grave deve receber o Sacramento da Reconciliação antes de receber a comunhão (CIC 1386).

O pecado: venial e mortal

O pecado é uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens (Cf. CIC 1850). O pecado venial é aquele ato que não priva o homem da amizade total com Deus. Já o pecado mortal é o ato pelo qual o homem, com liberdade e advertência, rejeita Deus. Mas "Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os padres da Igreja apresentam esse sacramento como a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça" (CIC 1446).

Sobre o pecado mortal, na Encíclica "O Esplendor da Verdade" do Santo João Paulo II é mencionado o seguinte: "Separar a opção fundamental dos comportamentos concretos, significa contradizer a integridade substancial ou a unidade pessoal do agente moral no seu corpo e a alma" (67). A partir disso, João Paulo II acrescenta que alguns teólogos dizem que "o pecado mortal, que separa o homem de Deus, verificar-se-ia somente na rejeição de Deus, feita a um nível da liberdade que não é identificável com um ato de escolha, nem alcançável com consciência reflexa. Neste sentido — acrescentam —, é difícil, pelos menos psicologicamente, aceitar o fato de que um cristão, que quer permanecer unido a Jesus Cristo e à Sua Igreja, possa cometer pecados mortais tão fácil e repetidamente, como indicaria, às vezes, a mesma matéria dos seus atos" (69).


O sentido do ato penitencial

O cristão é convidado a reconhecer sua pequenez, sua limitação, sua condição de pecador no ato penitencial da Missa. Assim, Deus pode vir ao seu encontro com Sua graça, pois o homem é chamado a ser filho da luz. Santo Agostinho afirma que "a confissão das más obras é o começo das boas obras, contribui para a verdade e consegues chegar à luz".

Na Eucaristia, o homem é elevado a Deus e a comunhão com Ele e com os irmãos. A unidade do Corpo Místico vence todas as divisões humanas: "Todos vós, com efeito, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo Jesus" (Gl 3, 27-28).

O homem participa da comunhão dos santos, ou seja, cada alma que se eleva a Deus dignifica o mundo, porque existe uma solidariedade humana misteriosa. Assim, também há a solidariedade do pecado. Por isso, escreve São João Paulo II: "A esta lei da elevação corresponde, infelizmente, a lei da descida, de tal modo que se pode falar de uma comunhão no pecado, em razão da qual uma alma que se rebaixa pelo pecado arrasta consigo a Igreja, e, de certa maneira, o mundo inteiro" (Reconciliação e Penitência, 16). Desta forma, todo ato pecaminoso repercute na sociedade, assim como todo ato caridoso edifica a Igreja e o mundo. Reconhecer-se pecador, no ato penitencial, já é um início para edificar um mundo melhor.

Não tenhamos medo

Existe ainda o rito da aspersão da água que substitui o rito penitencial, pois lembra a aliança batismal que se renova em cada Missa e recorda o nosso compromisso de batizados, acentuando nossa identidade de povo sacerdotal.

Enfim, sempre sujamos as mãos no decorrer da história com o pecado, mas que não tenhamos medo de lavar as nossas mãos, ou seja, nossa alma. Recorramos à Misericórdia de Deus, porque na Missa somos perdoados dos nossos pecados veniais e, especialmente no Sacramento da Reconciliação, somos perdoados de todos os pecados. Assim, participamos dignamente do Banquete que Ele preparou, desde sempre, para nós.


Ricardo Cordeiro

Ricardo é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.