28 de fevereiro de 2011

A Moralidade é Ouro

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É preciso criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto
A sociedade está povoada de notícias que comprovam o quanto a corrupção e a desonestidade estão corroendo relações, provocando prejuízos irreversíveis na vida de cidadãos e de famílias, com sérios comprometimentos sociopolíticos. A confiança que se deposita em pessoas, no exercício de suas responsabilidades funcionais e ofícios, está e certamente continuará sendo abalada. O mesmo ocorre também na relação com as instituições, que têm tarefas de proteção aos direitos e à integridade de todos, constituídas para proteger o bem público, garantir a ordem e a justiça. Quando menos se espera, estouram aqui e ali acontecimentos que provocam decepção e generalizam a insegurança. Não se esperam conivências interesseiras dos que têm tarefa de garantir a justiça. Conveniências que comprometem a vida de jovens e de outros que têm seus sonhos inviabilizados de maneira irreversível.


As providências que governos, instituições e outras instâncias da sociedade precisam e devem tomar diante de fatos graves no tecido social e cultural, não podem retardar mais a consideração da moralidade como ouro na história de todos. Esse cenário, com suas violências, desmandos, corrupções, tráficos e outras condutas imorais, é origem de tudo o que esgarça o tecido moral da cidadania. Valor que é a base para vencer seduções e ter força para permanecer do lado do bem, com gosto pela justiça e fecundo espírito de solidariedade. É imprescindível redobrar a atenção quanto à moralidade que baliza a vida de cada indivíduo e regula suas relações. É urgente e necessário avaliar o quanto o relativismo tem emoldurado critérios na emissão de juízos, na formatação de discernimentos, trazendo direções equivocadas e prejudiciais nas escolhas, tanto no âmbito privado quanto no exercício da profissão, da política e de outras ocupações na sociedade.

É preciso diagnosticar esses pontos críticos na moralidade sustentadora da conduta cidadã e honesta. Não se pode desconsiderar a gravidade da situação vivida neste tempo de avanços e conquistas - marcado pela "démarche" (disposição para resolver assuntos ou tomar decisões) - imposta pela falta de moralidade pública, profissional e individual. Jesus, em Seus preciosos ensinamentos para bem formar os discípulos, não deixava de advertir e indicar critérios para comprovar os comprometimentos da moralidade. Ele dizia que "o irmão entregará o irmão à morte, o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão", convidando-os para não se escandalizarem e a permanecerem firmes diante do caos provocado pela imoralidade. A decomposição das relações familiares configura o paradigma da perda da moralidade, considerando a família com seu insubstituível papel de formadora de consciência.

Com a família, o conjunto das instituições educativas, religiosas e outras prestadoras de serviços à sociedade, é preciso fortalecer o coro de vozes, como o fez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quanto à necessidade de incluir na pauta da sociedade a compreensão da moralidade como um tesouro do qual não se pode abrir mão. Sua ausência significa a produção de perdas irreparáveis, de vidas, de credibilidade e de conquistas e avanços de todo tipo, pelos inevitáveis comprometimentos advindos de uma cultura permissiva e cega a valores balizadores da vida cidadã. Nesse âmbito, é preciso retomar a tematização da responsabilidade dos meios de comunicação - também sublinha a CNBB. A apurada qualidade técnica e os admiráveis recursos da mídia, em particular da televisão, lamentavelmente, estão a serviço de programas que atentam contra a dignidade humana. Não se pode simplesmente ajuizar que os cidadãos são livres para escolher o que é de baixo nível moral. É melhor não produzi-los. Então, é preciso combatê-los, investindo na formação da consciência moral, com uma consistência tal que se rejeite, com lealdade, os fascínios da celebridade fugaz, o gosto mórbido pelo dinheiro e pelo poder, e substituí-los pelo apreço ao bem, à verdade; criar o gosto pela transparência e pelo que é honesto.

As culturas e as sociedades não podem prescindir de investimentos, abordagens e compreensões da consciência na sua insubstituível e específica função de discernimento e juízo moral. É urgente superar considerações de que tratar e investir na moralidade é um viés antigo, e até superado. A liberdade e a autonomia que caracterizam a sociedade contemporânea não podem prescindir do exercício dos valores morais sob pena de continuarmos a fabricar o precioso tempo do Terceiro Milênio como um tempo de abominação da desolação.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

25 de fevereiro de 2011

Nós colhemos o que semeamos

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Se deseja mais amor neste mundo, semeie amor ao seu redor
O quanto e como damos é a medida do que recebemos. O banco da vida é justo e nos devolve o mesmo que antes depositamos. São Paulo nos adverte, baseado em sua própria experiência: "O que alguém tiver semeado, é isso que vai colher. Quem semeia na sua própria carne, da carne colherá corrupção; quem semeia no espírito, do Espírito colherá a vida eterna" (Gal 6, 7-8).


No Cânion do Colorado, um pai passeava com seu filho de sete anos. A manhã estava quente e o sol resplandecia num céu aberto. De repente, o pequeno cai, machuca o joelho e grita: "aaaaaahhhhh!!"

Para sua surpresa, ouve uma voz oculta que também se queixa: "aaaaaaaaahhhhhhh!!"

Curioso o menino grita: "Quem está aí?"

Das profundezas do Cânion, uma voz lhe faz a mesma pergunta: "Quem está aí?"

Irritado com a resposta anônima, o menino grita: "Covarde, por que se esconde?".

Do outro lado, alguém lhe responde agressivamente: "Covarde, por que se esconde?".

O menino olha para o pai e pergunta: "Que acontece?".

O pai sorri e lhe diz: "Meu filho, preste atenção".

Então, o pai grita para a montanha: "Te admiro".

Do fundo do Cânion, alguém lhe confessa várias vezes: "te admiro, te admiro, te admiro".

Mais uma vez o homem exclama: "És um campeão".

A voz lhe responde: "És um campeão, campeão, campeão".

O pai sussurra em voz baixa: "Te amo".

A voz lhe responde com suavidade: "Te amo, te amo, te amo".

O pequeno fica espantado, porém, não entende.

O pai lhe explica olhando em seus olhos: "Nós chamamos isso de eco, filho, porém, na realidade, é a vida".

E acrescenta em voz alta: "Ela te devolve o que diz ou faz..."

Cada um colhe e recebe o que tem semeado e feito.

Se desejas mais amor neste mundo, semeia amor ao teu redor. Porém, se desejas pouco amor, dá pouco [amor]. Se esperas felicidade, dá felicidade a quem te cerca. Se queres sorriso e bênçãos, sorri e abençoa. Se gostas de colher desprezo, menospreza. Se desejas bem materiais, compartilha-os. Se busca amigos, faze-os. Se preferes solidão, fecha-te em ti mesmo. Se te interessa o meio ambiente, semeia uma árvore e não contribua com o aquecimento do planeta. Se necessitas que te escutem, escuta os demais.

Se até o dia de hoje tens colhido solidão, enfermidade, tristeza, traições, não culpes os outros. Antes, reveja suas atitudes, as sementes que tens semeado, e mude se preciso for, para que, rápido, muito rápido, possas colher frutos abundantes e permanentes (cf. Jo 16, 8-16).

José H Prado Flores
Pregador internacional, Fundador e Diretor Internacional
das Escolas de Evangelização Santo André
http://www.escoladeevangelizacao.com.br/

23 de fevereiro de 2011

A força do amor

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'Faze o que fazes com doçura'
Quando um homem e uma mulher se unem diante de Deus para formarem uma família, esse relacionamento se transforma num instrumento de cura um para o outro. Eu tenho muita pena quando um verdadeiro sacramento do matrimônio é abandonado, quando o marido e esposa decidem viver um longe do outro por causa das feridas, que um acabou causando no outro ao longo de suas vidas. Eu tenho muita pena porque esse relacionamento longe de Deus se transformou numa arma, porque conviveram juntos e sabem dos limites um do outro.


Qual a maneira concreta por meio da qual o sacramento se torna instrumento de cura um para o outro? "Meu filho, faze o que fazes com doçura" (cf. Eclesiástico 3, 19ss). Se você faz todas as coisas com doçura, você ganha o afeto da pessoa que está com você; quando somos doces, mais do que sermos estimados e reconhecidos nós ganhamos o afeto da pessoa, porque afeta a pessoa que é querida e é amada. O que é dar afeto? É você afetar a pessoa; e nós afetamos uns aos outros quando no decorrer do dia fazemos tudo o que devemos fazer com doçura.

Eu não estou falando de coisas que fogem do seu dia a dia, estou falando das coisas que você faz no ordinário da vida. Quando prepara a mesa do café, fazendo do jeito que o seu marido gosta, do jeito que seus filhos gostam de se sentar à mesa, preparando as coisas com carinho, porque você já os conhece, você já sabe o que cada um vai pegar na mesa. Estou falando da maneira que você chega ao seu trabalho, da forma que você dirige; eu estou falando do momento do almoço ou do jantar que vocês se encontram para compartilharem a refeição, de uma palavra que você dirige à sua esposa. Já que você tem de fazer essas coisas, faça-as com ternura, faça-as de forma doce. Não é fazer mais coisas, é fazer tudo o que você já faz com bondade e ternura. Existem pessoas que dizem "mas, eu já faço tudo o que ele gosta", mas, às vezes, falta doçura no fazer. Não fez de maneira terna. Não importa só darmos ou fazermos coisas, mas a forma como as damos e as fazemos.

A Palavra de Deus nos diz que quando agimos assim, ganhamos mais do que uma estima, e sim, o afeto. Estima é como ir levar uma joia ao joalheiro e dizer: "Quanto o senhor estima que vale esta joia?", ou seja, é aquilo que tem valor por si só, é aquilo que admiramos. Admirar é reconhecer o valor do outro, e na admiração há uma certa distância, mas o afeto é diferente, não há admiração apenas. Nós podemos admirar até um inimigo, você pode até reconhecer que o seu inimigo tem qualidades, mas casamento sobrevive de doçura, de ternura, de toque, ou seja, a pessoa foi atingida por outra que está na mesma condição que ela. Às vezes nós amamos uma pessoa que não nos ama, mas a força do amor é tão grande que quando passamos a amar aquela pessoa, ela que não nos amava antes passa a nos amar. É tão grande a força do amor que você que ama acaba fazendo a outra pessoa o amar também. É algo simples? Sim, é simples. Mas é fácil amar? Fácil não é, mas é o único caminho para a transformação da outra pessoa.

Quando nós queremos que uma pessoa mude há três coisas simples e poderosas a fazer:

1º) Você deve utilizar no relacionamento a máxima exigência com você mesmo;
2º) Você deve ter o máximo de compreensão com a outra pessoa e
3º) Ter sempre um sorriso para a outra pessoa.

No casamento nós queremos o máximo de exigência com o outro e o máximo de compreensão conosco, mas o que transforma não são as exigências com os demais, mas sim com nós mesmos. É preciso haver exigência com nós mesmos e compreensão com os outros.

Muitas vezes, erramos porque colocamos o foco no lugar errado. Quando eu cobro do outro o que eu não dou, as coisas não mudam. Como é diferente um casal que troca palavras de carinho, de apoio, de elogios! Como é bom encontrar um casal que se promove e que se ama! Como é bom encontrar uma mulher apaixonada pelo marido, que, quando tem algo a dizer dele, é sempre uma coisa boa. Como é bom encontrar um marido que ama, que tem uma verdadeira devoção à sua mulher. É claro que há brigas para que ambos coloquem as coisas nos eixos; o que não deve haver são brigas destrutivas. Por outro lado, como é ruim encontrar casais que só têm palavras ruins e críticas mordazes um para com o outro; censuras que, quando feitas, você não sente ternura, só uma punhalada no coração.

Quantos casais destroem os casamentos por causa dessas críticas, pois, geralmente, estas não permanecem só entre os cônjunges, mas transbordam para os filhos, visto que, em pouco tempo, pai e mãe começam a ser cruéis com os estes [filhos].

A Palavra de Deus se preocupa tanto com isso que, São Paulo, em uma de suas cartas, afirma que um dia nós vamos prestar contas de cada palavra inconsiderada que dissemos, porque a maioria das feridas existentes dentro de um casamento acontecem por causa de nossas declarações. "A flecha atirada e a palavra proferida não têm volta", diz um provérbio. A palavra fere como a flecha, pois quantos matrimônios se esvaziaram por palavras malditas. Quantos casais entraram nos casamentos felizes e encantados e no momento de um apoiar o outro começaram as palavras de destruição. Irmãos, nós vamos prestar contas a Deus por causa destas palavras de destruição!

Se os maridos soubessem o quanto as palavras ditas na hora do nervoso e da raiva destroem as mulheres eles não as diriam. Porque a raiva e as brigas passam, mas as palavras ficam lá dentro, "cozinhando" no coração da pessoa a quem você ofendeu. Da mesma forma, se as mulheres soubessem a força das palavras proferidas por elas contra o marido elas também não diriam. Homem tem a mania de fazer de conta que não está ouvindo, mas aquilo fica armazenado dentro do coração e quando "explode" leva junto o casamento da pessoa.

Há coisas que não são amor. Nós somos enganados a todo momento pelas novelas, pelos filmes, com mulheres e homens perfeitos, com o beijo perfeito. Isso é mentira, isso é ilusão, isso não existe! Você quer saber o que é amor? É quando um homem olha para a esposa e sabe que ela teve um dia difícil, por isso, ela está sendo áspera nas palavras, e para não brigar com ela, ele se cala para não se desentender com ela. Amor é quando você está numa casa, numa família mais pobre e pega aquele pedaço que mais gosta e põe para outra pessoa porque você quer o melhor para ela. Amor passa por uma panela de carne. Amor é quando depois de ter brigado, de ter discutido, ainda preparar uma cama gostosa para os dois dormirem, pois não conseguem dormir sem dizer uma palavra boa um para o outro. Isso é amor.

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

21 de fevereiro de 2011

O tempo está no homem e o homem está no tempo

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Fomos criados com a possibilidade de sempre superar e crescer
O tempo está no homem e o homem está no tempo. E para melhor precisar o verbo, o homem "é no tempo".


A temporalidade – como condição inerente ao homem – carrega consigo o limite e a finitude, categorias essas que acabam condicionando os nossos sonhos e a nossa visão.

Contudo, em virtude da nossa vocação à Eternidade, somos constantemente impulsionados pela Graça a sermos pessoas que estão/são no tempo, mas, que sonham e que tudo contemplam com a lógica da Eternidade.

Pelo fato de sermos no tempo, estaremos sempre sujeitos às precariedades próprias da temporalidade. O desgaste, a fadiga, o envelhecimento, tudo isso se tornará concretude em nossa existência e, com a dureza peculiar à sua aplicabilidade.

O desafio/chamado acontece precisamente neste paradoxo: A virtude – a que somos vocacionados – consiste em ser no tempo, inserindo-se concretamente nele (sem alienação), mas, "já" vivendo tudo com a mentalidade que transpassa a faticidade do transitório e, assim, pautando os próprios sonhos e escolhas em valores que não se resumem ao "aqui".

Quem contempla o real com essa lógica é capaz de construir a felicidade atemporal, já aqui, no solo de nosso tempo. Aquele que se aventura a ser assim já no tempo, não para nas esquinas das próprias dores e fragilidades, mas descobre que foi feito para ser mais e para transcender o puramente finito.

Fomos criados com a possibilidade de sempre superar e crescer. As fragilidades do temporal existem para se tornarem escada para nossa ascese e impulso para nossa superação, e não para nos encerrarem no limite da dor/finitude.

O tempo é sempre "presente", é sempre condição de possibilidade para a construção de uma nova e encarnada realização. Ele não é nosso inimigo, mas um amistoso parceiro na estrada da existência com o qual precisaremos constantemente nos reconciliar.

Tal é o desafio a nós proposto: convivamos com o tempo e, no arquipélago de nossas experiências, o utilizemos na concretude de nossas lutas para a construção de uma Acompanhada Eternidade.

Trilhando as sendas dessa prática o ser se descobrirá no tempo, contudo, perenemente vocacionado a transcendê-lo, dando significado às dores temporais por meio de elementos que constituem a Eternidade.

Foto Adriano Zandoná
verso.zandona@gmail.com

18 de fevereiro de 2011

Os dedos teclam o que está no coração

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Na era digital estamos sedentos de ouvir Deus falar
Recentemente, um artigo publicado na edição on-line da revista Science tentou responder quantas informações há dando voltas ao mundo. O número é algo impressionante: 295 exabyte, ou seja, "315 vezes todos os grãos de areia da face da terra", segundo os cálculos de uma agência de notícias.


Um outro dado interessante é que quase todas essas informações são frutos da era digital e estão armazenadas em servidores ou na nossa troca de informações por intermédio de aparelhos tecnológicos, como celulares, GPS's e televisores.

Duas perguntas me vieram ao pensamento: "Como contaram os grãos de areia da face da terra?" e "Para onde caminha a humanidade com tantas palavras?".

De fato, estamos na era da informação, sendo plasmados pela cultura "high-tech", pelo sistema "very fast" (muito rápido). Comemos rápido, andamos apressados, trabalhamos de modo ligeiro, convivemos pouco, vivemos estressados – sinta-se livre para colocar mais sinônimos.

Mas, talvez, o perigo maior não esteja na quantidade ou na velocidade da informação em si, mas na seleção das verdadeiras palavras, no discernimento do que estou recebendo, porque o receptor de todos esses "bytes" é o homem.

Em nossa cultura digital, nem tudo o que transborda é verdadeiramente uma palavra que preencha o coração do homem. Uma prova disso é que temos 5 mil "amigos" ou seguidores nos nossos perfis de redes sociais e quando deitamos a cabeça no travesseiro parece que a solidão também faz parte do nosso grupo de "followers" (seguidores). Talvez, se fizessem uma pesquisa, constatassem que o aumento de palavras (informações) no mundo também é proporcional ao aumento do vazio interior do homem, pois "[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam" (Jo 1, 9-11)

Sim, estamos sedentos de ouvir Deus falar. No fundo do coração e de sua consciência, o ser humano quer Deus e O procura; mas "como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?" (Rom 10, 14).

Eis aqui o desafio que nos é proposto por Bento XVI: mostrar o Rosto de Cristo nesta cultura digital. Teclar o que está contido num coração conquistado por Jesus, mostrar que o pedido da humanidade ainda está contido na prece que fazemos em cada Eucaristia: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo".

Em meio a "exabytes" de vozes, guardemos "A Palavra" e fiquemos com Jesus Cristo, para que o mundo seja salvo. Basta o Verbo, o Filho de Deus, revelado a nós e transbordado por nosso intermédio para que, também, essa cultura "high-tech" sinta o suave "perfume de Cristo" (cf. II Cor 2, 15).

Esta é a profecia que devemos levar ao mundo digital, pois, se a boca fala do que está cheio o coração, os dedos teclam o que também está nele.

"Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós" (Atos 17, 27)

Convido você para atender o apelo de Bento XVI no mundo digital. Vamos fazer uma "Revolução Jesus" na internet e ecoar a Palavra de Deus que diz "Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará" (Ef 5, 14).

Foto Daniel Machado
conteudoweb@cancaonova.com

16 de fevereiro de 2011

Internet, tecnologia a serviço da evangelização

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Oportunidade para ampliar o alcance da Palavra de Deus
"O desenvolvimento na internet nos últimos anos oferece uma oportunidade sem precedentes para ampliar as obras missionárias da Igreja, já que se tornou a principal fonte de informação e de comunicação" (João Paulo II).


A Igreja aproveita da mesma tecnologia que permite às pessoas estabelecer amizade, iniciar um relacionamento e em alguns casos até se casarem, para promover também o trabalho pastoral em ambiente virtual. O saudoso Papa João Paulo II já havia percebido a eficácia da internet como um instrumento para a facilitação dos trabalhos missionários no século XXI.

Por intermédio de e-mails, messengers, blogs, orkuts, entre outros, essa tecnologia ganha uma notoriedade sobre os demais meios de comunicação. Pois, a internet tem como característica principal o poder de abranger milhares de pessoas, que por sua vez interagem entre si quase que simultaneamente.

É muito comum para os usuários dessa ferramenta de comunicação as transferências de links e arquivos - com a ajuda da rede mundial de computadores - de conteúdos classificados por eles como relevantes. Assim, a importância e a eficácia de uma mensagem para uma determinada pessoa é potencializada milhares de vezes, atingindo alguém que jamais seria conhecido por aquele que disponibilizou tal conteúdo pela primeira vez na rede.

Muitas comunidades e dioceses já utilizam essa ferramenta de interação para o contato direto com os internautas. Por meio de conteúdos com linguagem própria, são disponibilizados aos usuários: diversão, doutrina, conteúdo de esclarecimento e outros artigos que podem conduzir a uma reflexão.

Mesmo com o avanço de toda essa tecnologia acessível a muitas pessoas, a evangelização não pode acontecer por si própria. A internet favorece o ambiente para que missionários desbravem as fronteiras digitais e promovam uma abertura para o acesso direto com aqueles que se encontram "plugados" na rede, buscando informações e conteúdos que atendam a uma necessidade específica.

Para o trabalho de evangelização nos meios tecnológicos acontecer, cada usuário deverá se tornar um evangelizador em potencial, seja este ministério manifestado com a ajuda de um comportamento digno de cristão no meio virtual, seja com a ajuda do anúncio direto do Evangelho.

Deus abençoe a cada um que se dispõe em ser um formador de opinião.

Abraços!


Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

14 de fevereiro de 2011

As opções nossas de cada dia

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Quantas vezes respondemos precipitadamente com um 'sim' ou um 'não'
Do nascer ao pôr-do-sol é preciso optar pelo 'sim' ou pelo 'não'. As opções que fazemos não são neutras. Elas, em parte, definem a qualidade de vida que temos ou que queremos ter.


Quando o relógio desperta, mesmo antes de o dia amanhecer, deparo-me com minha primeira oportunidade de escolha: "Levanto ou desligo o relógio e continuo dormindo?"

Se eu me levantar e começar a agir, provavelmente não me atrasarei e estarei contribuindo para que meu dia seja feliz e harmonioso com inúmeras oportunidades de fazer ótimas escolhas. No entanto, se desligar o relógio e voltar a dormir, as consequências dessa escolha poderão ser dramáticas: perder a hora, ficar nervosa e deixar de aproveitar bem cada oportunidade que a vida me dará naquele dia.

Claro que existem situações que vão além disso. Existem momentos em que, por mais que haja boa vontade de nossa parte, é difícil e arriscado decidirmos sozinhos. Nessas horas, é preciso muita calma e nada melhor que ouvir a opinião de alguém em quem podemos confiar.

É preciso prudência antes de falar "sim" ou "não". É com muita sabedoria que o salmista reza: "Ponde, Senhor, uma guarda em minha boca, uma sentinela na porta de meus lábios" (Salmo 140/141, 3).

Quantas vezes respondemos precipitadamente com um "sim" ou com "não"; essa imaturidade nos traz desagradáveis consequências. Na maioria dos casos, a resposta precipitada é fruto do comodismo, da pressa, da impaciência ou da falta de atenção. Como faz bem parar uns "segundinhos" para reflexão na hora de decidir!

Santa Teresa, certa vez, aconselhando uma de suas irmãs, disse: "Nunca fales coisa alguma, sem antes refletir e recomendar-te ao Senhor, a fim de que jamais profiras algo que possa magoar alguém! Nunca teimes em ter razão, principalmente tratando-se de coisas insignificantes! Fala a todos com cortesia! Corrigindo alguém, sê modesta e humilde e, nunca o faça sem te humilhares a ti mesmo. Não ouça e não fales mal de ninguém. Sê brando com todos e rigoroso contigo mesmo!"

Peço a Deus que estes conselhos estejam sempre em minha mente na hora em que eu precisar dizer "sim" ou "não". Desejo a mesma graça para você neste dia!

Foto Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com