29 de maio de 2009

Renovados pelo Espírito

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Conhece-se uma árvore pelos frutos, e não pela casca

"Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele" (Romanos 8,9).

Se quero ser de Jesus, preciso ser conduzido pelo Espírito de Jesus, que é o Espírito Santo: Aquele que gerou Jesus no seio de Maria e conduziu toda Sua vida e que o mesmo Jesus nos deu na cruz, segundo São João, quando Sangue e Água saem do Seu coração. Aquele que Ele soprou sobre os discípulos no dia da ressurreição, num domingo de manhã, quando o Espírito caiu em Pentecostes, é esse mesmo Espírito que foi derramado.

"Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará vida a vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós" (Romanos 8,11).

Nem quando caímos no pior pecado o Espírito Santo nos abandona. O terrível do pecado é que não foi só na cruz que Jesus se fez pecado por nós. Cada vez que pecamos, levamos o Espírito Santo e Jesus. Uma vez que comungamos, como receptáculos da Trindade, levamos o Espírito Santo, Jesus e o Pai a pecar.

Quem se deixa conduzir pelo Espírito produz os frutos do Espírito. Assim, é muito fácil para as pessoas com quem convivemos perceberem se somos ou não batizados no Espírito Santo. É pelos frutos que vemos se uma pessoa é batizada no Espírito Santo.

Conhece-se uma árvore pelos frutos, e não pela casca. Então, quais frutos que estamos deixando o Espírito Santo produzir na nossa vida? Aqueles que acolhem o Espírito produzem os frutos do acolhimento, enquanto aqueles que resistem ao Espírito produzem os frutos da resistência.

Nosso serviço, nossa vida, realiza-se conforme a renovação do Espírito, e não mais sob a autoridade envelhecida da letra. Renovação não é inovação, não é estar em busca de novidades e nunca estar satisfeito. Renovação é descobrir, a cada dia, esse novo que há em mim, é restaurar. E restaurar é dar novo vigor baseado no modelo original, o de Jesus Cristo e Maria Santíssima.

Para restaurar uma obra de arte é preciso conhecer o artista que realizou o trabalho. Jesus e o único ser entre nós que conhece o coração do Pai. Quando deixamos de lado o pecado e buscamos as coisas do alto (Col 3, 8), ocorre um processo de restauração, à imagem daquele que nos criou. Se quisermos ser felizes, também temos que ser cheios dessa graça.

(Artigo extraído do livro "Renovados pelo Espírito Santo")

Pe. Leo - SCJ

27 de maio de 2009

Libertos de nossas amarras

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Às vezes, não compreendemos a maneira como Deus usa para nos curar

Numa montanha muito distante havia uma vila que era liderada por um chefe. Aconteceu que o filho desse líder estava com fraqueza nas pernas. Então, ele conseguiu duas muletas para o filho. Mas as pessoas que moravam na vila não sabiam o que eram muletas e por que o filho dele as estava usando. Eles achavam que era porque o líder era um homem rico – e olharam para o filho dele com inveja. E todos desejaram um dia também ter duas peças dessas.

Num belo dia, uma das pessoas da vila conseguiu para o filho duas muletas. Com esses objetos eles achavam que eram pessoas civilizadas. E, finalmente, todos os habitantes da vila andavam de muletas. Até que um dia um dos filhos mais jovens perguntou por que ele não poderia caminhar com as próprias pernas. E todos achavam que ele estava louco, porque todos achavam que a forma normal de caminhar era sempre com o apoio das duas peças. Mas esse jovem deseja ir contra aquela tradição daquele lugar e diante de todos deixou as duas muletas caírem. Mas ele não conseguia mais andar sem elas, pois suas pernas estavam fracas.

Às vezes, olho para as pessoas e sinto que elas não são livres, "andam de muletas". Muitas vezes, nós estamos curvados como escravos. Não estamos agarrados a muletas, mas aos nossos pecados, medos, raivas, solidão, ansiedade, tristeza, sentimentos de culpa, depressão, estresse. Somos escravos.

O problema é que muitas vezes achamos que o normal é viver assim. Vivemos num estado de escravidão.

Jesus, hoje, pergunta a você: "Você deseja ser curado? Ser liberto?" Cristo não vai tomar uma atitude se não dissermos "sim" para Ele.

Todos nós sabemos que ao usarmos um remédio errado ou uma terapia equivocada podemos causar um dano enorme a nós mesmos. Muitas vezes, estamos diante de Jesus e queremos dizer a Ele o que fazer. Mas não vai funcionar porque Ele nos conhece por dentro e por fora. Então, a questão é confiar no Senhor, dizer a Ele: "Eu confio em Vós. Cura-me da maneira que o Senhor achar que deve me curar".

Às vezes, não compreendemos a maneira que Deus Pai usa para nos curar. A questão é que o Senhor tem um plano diferente para cada um de nós. A minha cura total acontece no momento que eu me entrego totalmente nas mãos de Deus.

Muitas pessoas realmente rezam, leem a Palavra, mas esta não se torna vida em suas vidas. O que está acontecendo? Falta-lhes o "Ruah" – o Sopro que transforma a vida. Já temos o Espírito Santo por meio do Batismo e do Crisma, mas, muitas vezes, não permitimos que Ele aja. Por isso, Jesus falou a Nicodemos: "Você precisa ser batizado no fogo". Que fogo é esse? É exatamente o fogo que desceu sobre os apóstolos no dia de Pentecostes.

Eu preciso dessa força para não ser enganado pelo mal, para lutar contra o pecado, para continuar fazendo a vontade de Deus em tudo na minha vida. Mas quem é que vai me dar toda essa força de que eu preciso? Só se eu for batizado no Espírito Santo de Deus. Estarei, então, aberto para o Senhor realizar toda a cura em mim.

Frei Elias Vela

25 de maio de 2009

Vencendo aflições, alcançando milagres

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O desespero torna pior o estado da pessoa

Em algumas situações específicas, em que duas pessoas eram condenadas à morte, os romanos costumavam aplicar uma pena extremamente cruel. Amarravam as duas pessoas uma à outra, rosto com rosto, braço com braço, mão com mão, perna com perna e assim por diante; depois matavam apenas um deles e colocavam a ambos no sepulcro, amarrados. À medida que o cadáver ia se decompondo, liberava substâncias que consumiam em vida o corpo daquele que com ele estava amarrado.

Dessa maneira, podemos entender melhor a que São Paulo aludia ao dizer: "Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?" (Romanos 7,24). Ele não falava de seu corpo físico, mas do corpo do pecado ao qual estava amarrado.

Qual aquele condenado, não temos forças para nos livrar deste corpo de pecado que nos consome; estamos de tal maneira amarrados a ele que parecemos formar um só corpo; e não estamos amarrados por fora, mas por dentro, em nosso coração.

Precisamos de alguém que nos desamarre e nos livre desse corpo que nos mata e que nos faz apodrecer em vida.

Os cristãos são o suave odor de Cristo, mas, quando se tem um corpo de pecado trancado no coração, o próprio coração se corrompe e começa a empestear, com o mau cheiro, o ar à sua volta. Em vez de ser causa de alegria e felicidade para si e para os outros, torna-se causa de sofrimento e infelicidade porque se afasta de Deus entrando em discórdia com as pessoas para defender interesses egoístas.

A verdade é que somos as primeiras vítimas desse mal; sentimo-nos tristes, abatidos e abandonados porque somos pecadores, porque, em nosso coração, vive uma lepra chamada pecado, que o insensibilizou à presença amorosa de Deus. E o pior é que não podemos fugir dele, como se foge de uma pessoa desagradável; não podemos fugir, porque o pecado nos fala de dentro do nosso coração (cf. Sl 36,2), nós o levamos conosco para onde vamos.

Tenha certeza: o pecado é o motivo de sua tristeza, e só Jesus pode lhe devolver a alegria verdadeira. É necessário que Ele o liberte desse mal, mate essa lepra e mude seu coração corrompido em um novo coração. Toda pessoa que pensa ser impossível que seus pecados lhe sejam perdoados, entra em desespero e com o seu desespero torna o seu estado pior do que era antes. Então, tenha confiança em Deus!

Se você alguma vez já se sentiu perdido e, por causa de alguma coisa que fez, teve medo de cair no inferno, sentiu-se desolado e sem forças, se depois de repetidas lutas contra um mesmo pecado mais uma vez você foi vencido e sentiu vontade de desistir, tenho uma ótima notícia para você: Só quem assim se sentiu pode experimentar o que é ser salvo pelo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, e este mesmo Jesus pode eliminar a sua tristeza na raiz.

.: Do livro: "Vencendo Aflições Alcançando Milagres"

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

20 de maio de 2009

Só em Deus encontramos repouso

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Jesus quer nos dar muitas coisas, mas o mais importante é a vida eterna

No livro dos Números, Deus convocou o povo para reunir 80 homens na tenda de reunião. Enquanto isso, fora do acampamento, outros dois homens ficaram cheios do Espírito Santo e eles começaram a profetizar. Não há obstáculos para Jesus, mesmo quando Ele encontra as portas fechadas. Mesmo as pessoas que não estão aqui presentes, o Senhor vai a todos os lugares e você pode encontrá-Lo mesmo que as portas estejam fechadas.

Jesus disse: "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve" (Mateus 11, 28-30).

Quantos de nós experimentamos o cansaço em meio ao mundo de hoje. O Senhor nos propôs uma cura nessa passagem bíblica, mas na dimensão da fé. Nosso Senhor Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, está no meio de nós. D'Ele ouvimos o convite: "Vinde a mim!" Você pode se perguntar: devo ir aonde?

Hoje em dia, muitos se apresentam como a solução para os seus problemas. Por isso precisamos tomar cuidado para não sermos enganados por pessoas que estão pensando somente em seus próprios interesses. Jesus tem para nós algo muito melhor, porém, para isso, você tem que deixar aqui o seu "homem velho". Muitas pessoas deixaram de seguir o Senhor porque não foram atendidas na hora.

Jesus quer nos dar muitas coisas, mas o mais importante é a vida eterna. O restante é acréscimo, por isso, muitas vezes, não recebemos o que pedimos, porque para nós o mais importante é o Reio dos Céus. Santo Agostinho afirma que de nada adianta viver bem, se não viver eternamente.

A nossa presente tribulação, momentânea e passageira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem.

Há uns 800 anos, São Francisco disse: "Meus filhos, grandes coisas prometemos a Deus, mas muito maiores são as que Ele nos prometeu. Pequena é a pena, o sofrimento do tempo presente, mas a glória que nos espera é infinita".

Quando não acreditamos na vida eterna, qualquer sofrimento parece ser insuportável. Mas quando acreditamos nela, o que são os sofrimentos da vida diante dos bens eternos?

Faço um apelo para sua fé: as coisas visíveis são momentâneas, mas os que Deus quer nos oferecer é eterno. Vale a pena dar a vida por aquilo que é eterno!

Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com

13 de maio de 2009

Uma caricatura de casamento

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Inúmeras são as justificativas, mas pouco plausíveis os argumentos

Como acreditar na possibilidade de um casamento feliz ou na idoneidade de alguém quando encontramos testemunhos de relacionamentos malsucedidos? Após viver uma frustração, encontrar motivos para continuar a acreditar e a viver os projetos anteriores, certamente, vai exigir um esforço quase que sobrenatural de nossa parte. De nossa própria história, sabemos o quanto foi difícil realinhar nossos sonhos e projetos de vida face às amargas situações já vividas.


Tribulações e aflições sempre teremos em nossos relacionamentos, seja por um namoro rompido, seja por decepções de nubentes que viram os castelos de seus sonhos ruírem às vésperas do matrimônio ou por casamentos que acabaram em separação.

Talvez seja por conta disso que encontramos tantas justificativas por parte de pessoas que consideram mais fácil viver juntas ou viver um namoro sem compromisso alegando que certos princípios e valores morais estão ultrapassados, entre outros.

Alguns casais, ainda que reconheçam que o (a) namorado (a) seja sua alma gêmea, pouco cogitam na possibilidade de oficializar o relacionamento por acreditarem que o casamento é apenas a formalização, para a sociedade, daquilo que já estão vivendo. Outros não desejam se casar por imaginar que precisarão conviver pelo resto da vida com a mesma pessoa, tolerando seus hábitos, pajeando crianças, entre outras obrigações da vida conjugal.

Diante das circunstâncias, alguns casais alegam preferir viver um relacionamento – cujos (as) companheiros (as) não podem ser considerados como namorados (as), tampouco como esposos (as) – até se assegurarem de que tal envolvimento tem chances de sucesso, para depois se comprometerem "oficialmente". Assim, optam por viver uma caricatura do casamento. Isto é, vivem como casados sem o ser.

Muitos são aqueles que coabitam há anos, mas qual seria o tempo limite? Quando esses casais se sentirão prontos para "se desinstalar" do comodismo?

Inúmeras podem ser suas justificativas, entretanto, pouco plausíveis os argumentos. Pois, na maioria das vezes, a decisão de viver juntos quase sempre foi tomada no auge de uma paixão, assim como na intenção de minimizar despesas financeiras ou fundamentadas apenas nas más experiências de outros casamentos.

Se ao menos esses casais de namorados que dividem o mesmo teto não vivessem as mesmas dificuldades e desafios de um relacionamento [conjugal], como o processo de adaptação, ciúme, crises de desentendimentos... até poderíamos aceitar tal opção de vida como um forte argumento. Todavia, esses casais também vivem seus impasses, talvez até maiores que os demais.

Casar-se somente com o objetivo de oficializar um relacionamento diante da sociedade ou assegurar seus benefícios para a eventualidade do rompimento do relacionamento seria apenas firmar uma parceria de um contrato social.

Eu acredito que o sentimento que imbui alguém a viver o sacramento do matrimônio se fundamenta no testemunho de que ele tem sobre a família e seus valores. Esse desejo [de se viver o matrimônio] potencializado na certeza de viver um amor único e verdadeiro, ao longo do tempo de namoro, se consolida por meio das atitudes em tornar conhecido ao seu cônjuge aquilo que almeja sua alma.

Inverter o processo natural do conhecer-se dentro de um relacionamento, não evitará maiores sofrimentos, mas facilmente poderá ofuscar os verdadeiros sentimentos daqueles que desejam realizar seus anseios mais íntimos.

Para as pessoas que desejam formar família e percebem também que seu (sua) namorado (a) aspira pelo mesmo ideal, nada as impede de responder com fidelidade ao chamado para a vida conjugal, não somente na oficialização perante as leis dos homens, mas, também, na investidura do sacramento diante de Deus, o qual as capacitará espiritualmente a vencer os obstáculos que a vida sempre nos reserva.

Deus abençoe a todos.

Um abraço

Foto Dado Moura
dado@dadomoura.com

11 de maio de 2009

O papel da mãe na criação dos filhos

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É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais

Educar os filhos é a grande missão que Deus confiou aos pais. É por causa da importância dessa tarefa, que nos deu o Quarto Mandamento: "Honrar pai e mãe". Sem a educação dos pais os filhos se perdem; é por isso que as nossas cadeias estão cheias de jovens e a droga consome a muitos, além do mundo do crime.

Nada é tão grande neste mundo como "construir" um ser humano. As máquinas acabarão um dia, mas o nosso filho jamais.

É pela educação que o ser humano conquista e desenvolve as suas faculdades; e Deus quis que isso fosse feito antes de tudo pelos pais e, de modo especial, pela mãe. Hoje sobretudo, quando muitas mães são obrigadas a criar sozinhas os seus filhos, porque são "órfãos de pais vivos", essa missão se torna mais importante e árdua ainda. Nesse caso, o papel da materno tem sua importância triplicada, porque ela [mãe] tem de desempenhar o papel do pai e dela mesma.

O líder pacifista indiano Gandhi dizia que "a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto o melhor de uma pessoa". Para isso é preciso a arte de educar, a mais difícil e mais bela de todas.

Certa vez, Michelangelo viu um bloco de pedra e disse a seus alunos: "Aí dentro há um anjo, vou colocá-lo para fora!". Depois de algum tempo, com sua genialidade de escultor, fez o belo trabalho. Então os alunos lhe perguntaram como tinha conseguido aquela proeza. Ele respondeu: "O anjo já estava aí, apenas tirei os excessos que estavam sobrando". Educar é isso, é ir com paciência e perícia tirando os maus hábitos e descobrindo as virtudes, até que o "anjo" apareça.

Michel Quoist afirma "que não é para si que os homens educam os seus filhos, mas para os outros e para Deus."

Educar é colaborar com Deus, e é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.

Educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões: material, intelectual, moral e religiosa. Por isso, educação não se recebe só na escola, mas principalmente em casa. Às vezes se ouve alguém dizer: "Ele é analfabeto, mas é muito educado". Não adianta ser doutor e não saber tratar os outros como gente; não saber cumprir com a palavra dada; não se comportar bem; trair a esposa e os filhos; não ser gentil; não ser afável, etc. Sem dúvida, a educação é a melhor herança que os pais devem deixar aos filhos; esta ninguém pode lhes roubar nem destruir.

O livro do Eclesiástico, capítulo 30, versículo 1, ensina aos genitores: "Aquele que ama o seu filho, corrige-o com frequência, para que se alegre com isso mais tarde".

A educação visa, principalmente, sobretudo colocar o homem no caminho do bem e da virtude, do qual ele sempre tende a se desviar. É aos pais que cabe, sobretudo, dar início a essa tarefa na vida dos filhos.

A Igreja nos ensina que: "Pela graça do Sacramento do matrimônio os pais receberam a responsabilidade e o privilégio de evangelizar os seus filhos. Por isso os iniciarão desde a tenra idade nos mistérios da fé, da qual são para os filhos os 'primeiros arautos' (LG,11). Associá-los-ão desde a primeira infância à vida da Igreja" (Catecismo da Igreja Católica, n. 2225).

A tarefa de educar, como dizia D. Bosco, "é obra do coração", é obra do amor, por isso tem muito a ver com a mãe. Sem o carinho e a atenção dessa figura a criança certamente crescerá carente de afeto e desorientada para a vida.

O povo diz que atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, mas é preciso não esquecer que "esta mulher", mais do que a esposa, é a mãe.

É no colo da mãe que a criança precisa aprender o que é a fé, aprender a rezar e a amar a Deus e as pessoas. É no colo da mãe que o homem de amanhã deve aprender o que é a retidão, o caráter, a honestidade, a bondade, a pureza de coração.

É no colo da mãe que a criança aprende a respeitar as pessoas, a ser gentil com os mais velhos, a ser humilde e simples e não desprezar ninguém.

É no colo da mãe que o filho aprende a caridade, a vida pura da castidade, o domínio de todas as paixões desordenadas e a rejeitar todos os vícios.

É a mãe, com seu jeito doce e suave, que vai retirando da sua plantinha que cresce a erva daninha da preguiça, da desobediência, da má-criação, dos gestos e palavras inconvenientes. É ela que vai lhe ensinando a perdoar, a superar os momentos de raiva sem revidar, a não ter inveja dos outros que têm mais bens e dinheiro.

É a mãe que nas primeiras tarefas do lar lhe ensina o caminho redentor do trabalho e a responsabilidade.

Até o Filho de Deus quis precisar de uma Mãe para cumprir a Sua missão de salvar a humanidade; e Ele fez o Seu primeiro milagre nas Bodas de Caná exatamente porque Ela lhe pediu. Por isso, cada mãe é um sinal de Maria, que ensina seu filho a viver de acordo com a vontade de Deus.

Neste mundo, às vezes perverso, que penetra sorrateiro em nossas casas e insiste numa sistemática pregação de antivalores por algumas TVs, mais do que nunca é necessário uma mãe atenta para combater tudo aquilo que prejudica a educação dos seus filhos.

Mais do que nunca ela precisa saber conquistá-los, não por aquilo que lhes dá, mas por aquilo que é para eles: amiga de todas as horas, consoladora. Saiba sempre corrigir o seu filho, mas que nunca seja com grosseria, com gritos ou com humilhações. E jamais o faça na frente dos outros.

Se você conquistar o seu filho a ponto de ele ter um sagrado orgulho de tê-la como sua mãe, então, você poderá fazer dele o que desejar.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

7 de maio de 2009

Reconciliar-se com a própria história

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Nossa história, quase sempre, não é do jeito que gostaríamos

Os cenários da história – tanto universal quanto pessoal – são sempre povoados, marcados por uma trama de significados e expressões que dão cor e direção aos corações e à vida de um povo. A história do homem traz consigo inúmeras marcas; algumas positivas e outras profundamente negativas e desestruturadoras. Enfim, toda história tem a sua "história" a contar, toda vida derramada no solo do tempo tem suas partes para reconciliar...

Há historiadores que definem a história humana como "história de guerras e conflitos", e, de fato, tal afirmação não está ausente de verdade. Esta é mesmo marcada por diversas dores e contrariedades que se entrelaçam em uma constante dinâmica de morte e de vida.

No âmbito singular e pessoal não é diferente. Quando olhamos para a história de nossos próprios dias, sem dúvida, seremos capazes de aí perceber realidades que não desejamos nem quereríamos que aí estivessem.

Nossa história e as circunstâncias que a configuram, quase sempre, não são do jeito que queremos, por vezes, nossa biografia é povoada por erros e frustrações que não desejamos nem convidamos outros para nela habitar.

Há quem se envergonhe de sua própria história e há outros que dela fogem perpetuamente. Há quem não consiga se reconciliar com as perdas e contrariedades contidas na própria existência, nunca assumindo os próprios erros e fragilidades, e assim vivendo como alguém que "foge" eternamente da própria sombra.

Muitas vezes, nossa história é mesmo perpassada por realidades que são difíceis de lidar e encarar, todavia, ninguém pode se tornar verdadeiramente maduro e liberto na vida se não faz a experiência de se encarar naquilo que é.

A arte de encontrar-se e reconciliar-se com a própria história pode ser fonte de aguda dor, contudo, é também fonte de intensa realização e emancipação existencial.

Não existe outro caminho para crescer e ser gente na vida, pois, sem se reconciliar consigo e com as cenas que emolduram o seu próprio caminho de vida, o ser humano torna-se escravo de si mesmo e ausenta-se da alegria de poder aceitar-se naquilo que é.

Diante do real – de nossa identidade – poderemos fugir criando ilusões para mascarar o que somos, ou, poderemos enfrentar – mesmo sangrando – nossa verdade, extraindo dela a vida e a esperança que brotam do fato de não termos de fingir e encenar para sempre.

Nossa história pode ser fonte de lembranças dolorosas, sim, mas também pode – com uma força extraordinária – ser fonte de autêntica e encarnada libertação.

Reconciliar-se, pois, com a própria história: Eis o desafio e a oportunidade de nos compreendermos amados e aceitos no que somos.

Esse é um caminho difícil, mas que se faz acompanhado; dirigidos pelo infinito Amor, que dá sentido às nossas perdas e nos sustenta em nossas lutas. Assim seremos mais autênticos e livres na existência e poderemos construir nosso futuro com escolhas sábias e pautadas no Amor.

Foto Adriano Zandoná
artigos@cancaonova.com

5 de maio de 2009

São José, um profeta da ação

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Sabemos organizar projetos, mas somos lentos em torná-los realidade

É sabido por todos que os Evangelhos não registram nenhuma palavra de São José; ele está sempre ao lado de Maria e de Jesus sem nada dizer. Acompanha, vê, está atento a tudo e age silenciosamente para que o projeto de Deus não seja frustrado. Ele sabe que sua missão não é ser profeta da palavra, mas da ação.

Nós vivemos numa sociedade da palavra e da comunicação. Aliás, o que não nos faltam hoje são "projetos a longuíssimo, médio e curto prazos".

Sabemos organizar projetos perfeitos, temos um estoque de dados e de ideias para tudo quanto há. Mas me parece que nunca fomos tão lentos, como hoje, em colocar em prática os projetos pensados e preparados com tantos pormenores. Faz-nos falta o sentido profético da aventura, rápidos em pensar e mais rápidos ainda em agir. O medo de errar nos prende e nos torna omissos. Projetos que os políticos fazem, depois de 10 anos ainda não saíram do papel; da mesma forma, projetos que a Igreja prepara, muitas vezes, permanecem "nobres desejos" que não se tornam realidades.

No entanto, a vida nos cobra e o mesmo Deus nos cobra sobre as nossas ações. Mesmo Jesus, no Juízo Final, não nos pergunta quais foram os nossos projetos para aliviar os sofrimentos dos pobres, dos pequenos, projetos de creches, de asilos, mas simplesmente: "Eu tive fome, sede, era estrangeiro, preso e vocês me ajudaram". As palavras de Jesus são diretas já e não deixam espaço para desculpa. Exigem a nossa resposta operativa e imediata. Não serve para quem tem fome dizer que estamos fazendo projetos para ajudá-lo, nem para quem tem sede afirmar que estamos pensando como levar a água com novíssimo aqueduto de última geração. A mesma Igreja nos recorda que devemos fazer de tudo para que os projetos saiam do papel e se façam realidade.

Na escola de São José aprendemos o verdadeiro sentido da vida. Não são as palavras que revelam os valores que carregamos dentro de nós, mas sim, as ações. José se faz mestre do silêncio e da ação, mestre da contemplação e da vida. Ele se torna para todos nós o modelo do pai, da escuta e da presença silenciosa ao lado de Maria e de Jesus.

Eu tenho muita devoção a São José, que Santa Teresa escolheu como protetor dos seus carmelos e como ecônomo, e ao mesmo tempo como mestre de oração. A Igreja vê neste homem justo um modelo de evangelizar, não pela palavra e não por projetos de difícil execução, mas evangelizar com a vida, atentos aos sinais de Deus. É só levantar-se e colocar-se a caminho para onde o Senhor quiser.

Que São José olhe por todos nós e nos ensine a dizer "sim" mesmo quando nos parece difícil.

Frei Patrício Sciadini